Simplicidades, lustres e chumbos
1. O Benfica perdeu com o FC Porto no clássico e viu vantagem na liderança encurtar para quatro pontos. Na nação benfiquista, já se passaram milhões de horas a analisar os quês e os porquês da derrota encarnada e minutos a dissecar as razões da vitória portista. O FC Porto foi melhor do que o Benfica durante maior parte do tempo. Às vezes, é tão simples como isto.
2. FC Porto e Benfica trocaram acusações quanto às arbitragens no pós-clássico. Em comparação com os restantes clubes do futebol português, é como um multimilionário entrar na sua mansão e dizer que tem de mudar o lustre porque o do vizinho do bairro exclusivo é mais bonito.
3. Assistir a um jogo em Alvalade está entre mergulharmos num quadro surrealista de Dali ou participarmos na última sequela de Pesadelo em Elm Street. O pior para os leões é que não é ficção, é realidade.
4. Frederico Varandas é um desastre comunicacional mas depois de muitas curvas e contracurvas parece ter encontrado o rumo certo quando resolveu bater de frente com as claques. Não se sabe se o próprio sairá direito do embate, mas a estrada leonina ficará com muito menos obstáculos.
5. Num clube em que toda a gente fala, estranha-se o pesado silêncio de tanto anterior, pré ou proto candidato à presidência do clube depois da vergonha das mais do que prováveis agressões a dirigentes eleitos no multidesportivo. Às vezes mais vale limpar a consciência no presente do que chegarmos a um futuro mais luzidio e encontrarmos uma névoa de consciência no passado.
6. «Olho por olho e o mundo acabará cego», disse Mahatma Ghandi, um dos maiores pensadores dos séculos XIX e XX. No futebol português, toda a gente chumbou a história, a filosofia e a sociologia. E logo no 10.º ano.