Semana 10 - O regresso
1 - Acabei de assistir, deliciado, ao jogo de Dortmund, com muitos golos, dois deles portugueses! , um dos jogos que na tarde de ontem nos trouxe o regresso - em alemão o rùckkehr - de uma das principais ligas de futebol da Europa e do Mundo. E hoje não deixarei de acompanhar, ao vivo e a cores, e também sem público, a partida entre o Union Berlim e o líder Bayern de Munique. Não sei se os jogos de ontem - como os de hoje, como o de amanhã em Bremen - nos estão a levar para o futebol do futuro, ou em rigor, para o futebol do futuro próximo! Que, aliás, mantém o VAR, as suas análises e as nossas dúvidas! O que sei é que há máscaras e não há proximidade, há longos bancos de suplentes e extremo cuidado, não há sons (salvo no momento dos golos!) e há um silêncio que arrepia, há emoção que se pressente mas falta a intensa paixão das bancadas, há golos e não há os comuns festejos, há um novo ambiente e, logo, há um novo normal! O que sabemos é que sem os 300 milhões de euros dos direitos televisivos, pendentes de serem pagos, cerca de um terço dos clubes alemães - da primeira e da segunda ligas, ou seja, das que ontem recomeçaram! - estariam em risco de insolvência no terceiro trimestre deste ano e a próxima época desportiva seria um caos organizativo, logo financeiro e, por excelência, desportivo. A Liga alemã aí está. E o êxito do seu regresso pode impulsionar a Liga inglesa, a Liga espanhola e a Liga italiana. E a russa e a croata, mais a dinamarquesa e a checa, também a polaca e a grega, ainda a ucraniana e a húngara, entre tantas outras que olham para o final do corrente mês de maio e, por excelência, para o mês de junho como o do regresso das suas competições que, sem pandemia, já estariam ou estavam mesmo a terminar. Já que o Europeu de futebol arrancaria daqui a um mês. Agora é o regresso, o recomeço, o arranque, Agora são as cautelas sanitárias, o rigoroso cumprimento dos procedimentos de distanciamento social, os múltiplos testes , os imensos cuidados, a articulação entre a controle da pandemia e a urgência da economia, cujos números começam a assustar, diria que a seriamente perturbar. Fica o regresso da Liga alemã e ao que se escuta e lê com mais de mil milhões de amantes presos à televisão e aos outros meios de difusão das partidas de ontem e de hoje. Números que impressionam e que mostram, mesmo com dúvidas manifestas, que o futebol junta milhões e, logo, vale milhões! E com a Eleven Sports a dar-nos, entre nós, e de forma gratuita, pelo menos até ao final deste mês, estes jogos da atrativa e emocionante Liga alemã| Com uma lógica de serviço público que deveria ser objeto de séria meditação por parte dos nossos operadores televisivos que detêm, direta e ou de forma indireta, os direitos televisivos dos nossos clubes. Acredito que as autoridades, as sanitárias por excelência, muito agradeceriam, e louvariam, se esse serviço público e essa forma de subtil quarentena, o sinal aberto, fosse concretizada! É que , por vezes, o que importa é prever para prover! Já que na linha da sagacidade e da profundidade analítica do Professor António Damásio «há três palavras para o que vivemos: tragédia, incerteza e esperança»! E o regresso dos restaurantes e das creches, das escolas e dos museus, entre outras atividades, já aí está, como sinal de esperança! Com a certeza da incerteza!
2 - Se na Alemanha há o regresso do futebol profissional, por cá vamos entrar na denominada «retoma progressiva da competição» e com um exaustivo plano de ação que inclui o «plano do dia de jogo» e o «compromisso de honra do agente desportivo». Vamos conhecer nos próximos dias os estádios onde se irão realizar o conjunto de jogos que faltam disputar da nossa Liga. O que sabemos é que, neste momento, a generalidade dos clubes - diria em rigor as sociedades desportivas - estão disponíveis para retomar a competição, reatar os jogos e, logo, regressar, com todos os condicionamentos, à disputa final da Liga. Acredito que as resistências, que as houve, estão ultrapassadas e que os mais renitentes, incluindo os seus diferenciados porta vozes que na verdade são porta bandeiras, finalmente assumiram que importa a retoma, o regresso da competição. E, aqui, haverá clubes que não jogarão nos seus estádios próprios - ou utilizados, como o Jamor - e já escolheram outros complexos desportivos para sua sede provisória, ganhando, aqui, relevância a opção pelas extraordinárias condições da Cidade do Futebol, o que importa sublinhar, evidenciar e, logo, vivamente saudar, incluindo a disponibilidade total da Federação Portuguesa de Futebol. Também acredito, esperando que os ventos não atinjam seriamente, limitando os voos, ao longo do mês de Junho, a zona do aeroporto da Madeira - de seu nome, justo, Cristiano Ronaldo -, que o Estádio dos Barreiros vai acolher os jogos em casa do Marítimo, e envolvendo o compromisso da DGS em relação aos voos - que terão de ser charters! - e, igualmente, determinando uma exclusão de quarentena - ou mesmo o final dessa quarentena - por parte do Governo Regional da Madeira. Ficaremos a saber, logo no arranque da semana, os estádios finalmente escolhidos e, aqui, irá haver dores que vamos escutar e opções que alguns vão questionar. Mas o que vale, o que tem de valer de verdade, é a vontade do regresso da Liga, a retoma da competição e a disputa final, nos relvados, da nossa principal competição de futebol. O Governo português permitiu o regresso com condições. Que foram definidas, com rigor e muito pormenor, por homens e mulheres competentes e de reconhecida excelência técnica. E entre todos permitam-me que, neles, cumprimente o Professor Adalberto Campos Fernandes e enalteça o esforço e o diálogo para que o regresso do futebol seja uma realidade no arranque do mês de junho. Quase ao mesmo tempo que o regresso, também sob sérias restrições, às praias. E então teremos, se os números da pandemia realisticamente o permitirem, uma nova fase de desconfinamento !
3 - Em 13 de maio de 2017 o Benfica conquistou o primeiro tetracampeonato da sua história. Foi um dia intenso. O Papa Francisco terminava a visita a Fátima, conquistávamos o Festival da Eurovisão e o Benfica jogava na Luz contra o Vitória de Guimarães. Lá estava eu entre os mais de sessenta e quatro mil espectadores (64.591 ) que vibraram com uma conquista única e singular. Foi um momento exaltante e que nos levou, agora, a recordar os golos de Jonas, as assistências de Salvio, a argúcia de Ederson , o faro de Raúl, a competência de Luisão e a liderança de Rui Vitória. E a moto de Eliseu, e a sua contagiante alegria, que nunca esqueceremos. A memória é essencial e nestes tempos tão complexos temos tido algum tempo para encher a nossa memória. Sob pena de deixarmos o entendimento e a consciência vazios. E enchê-la, a memória, dos títulos alcançados , de diferentes e interessantes vitórias judiciais conseguidas e de alguns medos ou receios ultrapassados. E sabemos bem que os grandes méritos forçam o respeito. Tal como a estupidez humana que, diga-se, leva sempre ao desastre. E bem relevantes são aqueles méritos e o devido respeito na antevéspera da retoma, deste regresso que se anuncia e antecipa !