Respeito!
O mais difícil, no futebol, não é pegar numa equipa que está a vencer e fazer com que ela continue a ganhar; difícil, difícil é pegar numa equipa que deixou de vencer e conseguir com que ela volte a ganhar. Isso é que é o mais difícil.
Em Inglaterra, José Mourinho pegou exatamente na equipa que mais tinha perdido o caminho do sucesso e aceitou, como já aqui o deixei escrito, provavelmente o maior desafio da carreira, que era o de levar o Manchester United a reencontrar o espírito dos êxitos.
Quando Alex Ferguson deixou o United campeão em 2013, ninguém esperava um milagre das rosas, que transformasse o treinador sucessor num novo Ferguson, mas também ninguém podia prever o que se seguiu, que foi um fracasso total, até chegar, por fim, o treinador português.
David Moyes, em quem tantos apostaram as fichas todas, foi o escolhido para substituir Ferguson, mas acabou da pior forma possível, ou seja, despedido; já Van Gaal, o mestre holandês em decadência, o melhor que conseguiu foi um 4.º lugar na PremierLeague.
Com José Mourinho, pelo menos o Manchester United já recuperou parte do estatuto, conquistando a Liga Europa em 2017, mais dois títulos no mesmo ano em Inglaterra (Taça da Liga e Supertaça), e o lugar de vice-campeão inglês já este ano, o que pode parecer pouco mas é muito, tendo em conta que o Manchester United quase partiu do zero e precisou de ir renovando mais de dois terços da equipa e procura ainda, como qualquer nova plantação, que as sementes criem raízes.
Ter ganho o que Mourinho já ganhou e ter devolvido ao Manchester United a dignidade competitiva que o clube perdeu nos três anos que se seguiram à reforma de Alex Ferguson, podem não conferir ao treinador português - como a nenhum outro treinador… -, o estatuto de intocável, e os treinadores sabem que a vida deles é mesmo assim, que são, mais do que quaisquer outros profissionais do futebol, dominados pelos resultados.
Mas a carreira de Mourinho, a competência de Mourinho, a experiência de Mourinho e o sucesso que Mourinho já teve, particularmente, em Inglaterra, porque é da PremierLeague que estamos a falar, fazem-no merecer, pelo menos, o respeito que muitos parecem continuar, lamentavelmente, a não ter por ele.
Dizer-se e escrever-se, como se diz e escreve em Inglaterra, que Mourinho «caminha para a ruína» consegue ter mais de estúpido do que de injustificável.
Fico-me pelas palavras de Gary Neville, um antigo jogador campeão muitas vezes pelo Manchester United: «O clube não pode ficar a meio do caminho, tem de ir com Mourinho até ao fim.»
Com toda a franqueza, e sem qualquer patrotismo saloio, é o que se espera de um dos maiores clubes do mundo como é o United.
HÁ muito que elogio o argentino Salvio, em termos absolutos, como o melhor futebolista a jogar em Portugal. Sim, Jonas também é um craque, mas Salvio tem ainda mais qualquer coisa do que qualquer outro, talvez por revelar uma tremenda capacidade de sofrimento e um tão obstinado espírito lutador, talvez também por ser um jogador tão impetuoso e intenso, com uma invulgar atitude de campeão e uma qualidade técnica que não fica a dever nada a ninguém.
Infelizmente para ele, as graves leões sofridas nos joelhos tê-lo-ão impedido de ser hoje jogador de um poderoso Man City, por exemplo, para citar apenas o clube que quase esteve a contratá-lo há um par de anos, e por causa dessas malditas leões nunca pensei voltar a ver Salvio como o temos visto neste arranque de época, absolutamente fantástico, ao ponto de quase se reconhecer nele o milagre da ressurreição.
Quem sofreu o que ele já sofreu merece isto e muito mais. E que falta ele fez ao Benfica no jogo com os gregos...
MUITO possivelmente, algumas boas dores de cabeça vai ter o selecionador nacional para fazer a primeira convocatória da Seleção após o Mundial. De entre os jogadores que não têm feito regularmente parte das escolhas de Fernando Santos, ora vejam só quem está a dar nas vistas: Nélson Semedo no Barcelona e João Cancelo no Inter, Gedson Fernandes no Benfica e Diogo Leite e André Pereira no FC Porto, mais Rúben Neves no Wolverhampton, já para não falar, ambos na Luz, num Pizzi em superforma física e subitamente goleador e num André Almeida muito competitivo neste arranque de época.
Claro que os jogadores dependem muito dos resultados, porque são as vitórias que lhes dão confiança, e nesse sentido o caso particular do momento dos jogadores do Benfica quando chegar o tempo da seleção dependerá muito, queira-se ou não, do desfecho da mais importante eliminatória europeia dos encarnados nos últimos anos, que se joga entre esta e a próxima semana frente aos gregos do PAOK.