Quem quer ser campeão nacional?

OPINIÃO09.03.202001:15

FC Porto e Benfica continuam a luta pelo título nacional de 2019/2020, um contra o outro e ambos contra os seus próprios demónios. Aos azuis-e-brancos sobrava, até ao último sábado, a confiança de quem tinha ganho oito pontos ao rival, somando por vitórias as várias etapas da recuperação; esse estado de graça, que tinha sobrevivido a um futebol de escasso fulgor, com alguns sustos de permeio, acabou frente ao Rio Ave, a três centímetros da meta. Daqui para a frente, e ainda há muito para jogar, os dragões vão ter de encontrar forças para um longo e exigente sprint final.
Já com o Benfica a situação é ainda mais grave, e poucos terão sido os adeptos encarnados que não deram por perdido o campeonato depois do empate em Setúbal. Valeu ao clube da Luz o passo em falso dos dragões, que tropeçaram num off side de três centímetros e deitaram dois pontos borda fora. Mas, para onde se eclipsou o bom futebol do Benfica, a alegria de trocar a bola, os jogadores que não se escondiam, as movimentações fluidas que mantinham a coesão e estiveram na base do sucesso inacreditável de 2018/2019? Dizer que este Benfica é uma sombra do outro, ainda é de menos. E há coisas incompreensíveis, como, por exemplo, em circunstâncias de pressing final, ser Rúben Dias, o melhor cabeceador da equipa, a executar os cruzamentos (os despejos de zona quase frontal, na maior parte das ocasiões), em vez de se colocar onde podia, realmente, fazer a diferença. Se isto não é desnorte, o que será desnorte? E tantas dúvidas, onde já havia conclusões sólidas; tantas incertezas, que baralham toda a gente, a começar pelos jogadores;  e tanto caminho feito a andar para trás, tão para trás que parecemos estar a assistir ao regresso dos  piores dias de Rui Vitória...
Quem vai ser campeão? Pela amostra junta, FC Porto ou Benfica, um deles vai conquistar o título que o outro perdeu. A dúvida é se, dentro dos conjuntos de Sérgio Conceição e Bruno Lage, há energia, vontade e lucidez para encarar cada umas das finais que se perfilam até ao fim desta época.
Quanto aos três centímetros de fora de jogo do Dragão. Bem o VAR, bem o árbitro, que aplicaram a regra mais estúpida da história do futebol, essencialmente pela falibilidade da aferição do momento preciso em que o passe é feito. É urgente que o IFAB entre em campo!