Que luz na Luz?
Fortes condimentos neste Benfica-FC Porto logo à 3.ª jornada. Importância reduzida por ser duelo tão prematuro? Verdade. Ainda assim, evidente o nível de importância: substancial. Que luz sairá da Luz?
1 - Trata-se dos açambarcadores de todos os títulos nos últimos 17 anos! E que, tudo o indica, se mantêm com potencial bem superior ao da menos afastada concorrência (pois é…; Sporting em alto risco de igualar o seu anterior acabrunhante jejum: 18 temporadas a fio! Ao falhar quando tanto investiu em meios, e com repercussões de gravidade muito superior à do falhanço, depauperou-se…).
2 - FC Porto sob máxima pressão? Pós-Gil Vicente (e, mais devastador, porque irreversível, KO face a Krasnodar!), muito aponta para aí. Duríssima sequência de desaires, se sair da Luz com atraso de 6 pontos. Porém, recorde-se: a era Bruno Lage arrancou, já a 1.ª volta estava à beirinha de fecho, com desvantagem de 7… - dita irrecuperável, até porque o calendário em casa alheia era mesmo terrível!
E, neste sábado, não estará o Benfica também pressionadíssimo? Estará. Porque muito mau dia para interromper o seu atual ritmo, avassalador!, de 20 triunfos em 21 jogos do campeonato. Mesmo um 2.º empate (bom para o FC Porto), significará quebra benfiquista. Acresce: no intenso despique pelo anterior título, decisiva foi a diferença - 6 pontos… - nos diretos confrontos, ambos ganhos pelo campeão (Rui Vitória e Bruno Lage). Portanto, depois de amanhã, empate, ou, claro, triunfo do visitante, igual a FC Porto respirando fundo e Benfica face a provável acréscimo de futura dificuldade.
3 - Rescaldo deste confronto com diferença expressa em 6 pontos, em 3, ou… nenhuma terá lógicas implicações também anímicas. De tão lógicas/óbvias, desnecessário dissertar sobre elas.
Igual problema: defesa-direito
Despique de táticas/estratégias e, ainda mais, de dinâmicas será fundamental. Desnível de inspiração nos jogadores poderá ser decisivo.
No primeiro item, o Benfica parte em vantagem: 6 meses sedimentando modelo de jogo; adversário em reconstrução, quiçá tendo de alterar bases do seu anterior tipo de futebol.
No segundo item, vá lá saber-se… O Benfica que tantos golos marca não pode tanto depender da dupla Pizzi-Rafa, como tem acontecido neste início de época (problemão à vista se a veia goleadora dos pontas de lança, Tomas-Seferovic, prosseguir muito em baixa). E o FC Porto sob urgência de travar notória deficiência defensiva (mau grado estupendo início do guarda-redes Marchesín, chegado em última hora). Difícil rendição de Felipe-Militão, mas o recente problema não é exclusivo de Pepe-Marcano… - e ambos possuem qualidade para rápido acerto de agulhas.
Imediato bico-de-obra parece coincidente: defesas-direitos.
No FC Porto, contratação de Saravia tem desiludido (também pelo que se lhe viu na seleção argentina - veterano Maxi Pereira faria melhor) e, com Manafá distante do que mostrou na última época (Portimonense e FC Porto), Sérgio Conceição já recorreu a adaptação do extremo Corona. Na Luz, apostará em Corona, na recuperação de Manafá, ou no risco de estrear o muito prometedor miúdo Tomás Esteves? Não me espantaria FC Porto diferente, com 3 defesas centrais…
No Benfica, dilema: menino Nuno Tavares, ou regresso de André Almeida? Este paga o patau de o Benfica não ter tido alternativa decente na temporada anterior, flagrantemente no árduo sprint pelo título; tremendo esforço, acabando jogos a coxear, deu em lesão que o afastou de pré-época e até agora. Reaparecerá num confronto tão intenso, estando a zero de competição? Nuno Tavares sugere já ser mais do que promessa…; mas no outro flanco, pois defesa-direito esquerdino tem muito que se lhe diga! Muitíssimo diferente de extremo-direito que quase só pé esquerdo utiliza, vide Bernardo Silva, ou - óbvio: noutra dimensão… - Raphinha, ou o que Zivkovic poderia ser… Esses causam pânico, difíceis de controlar ao imporem diferenças saltando do flanco para zona mais central (idem para ponta esquerda privilegiando pé direito). Defesa esquerdino, sacrificado a ter de, essencialmente, tapar a sua direita, é que, amiúde, se torna problemático. Por isso, a nível mundial, não vislumbro nem um caso de sucesso. Só mesmo em derradeiro recurso.