Quatro pontos
1 - Quatro pontos de vantagem tem o Benfica em relação ao Futebol Clube do Porto. O Benfica perde os seis pontos em disputa na Liga face a este Porto. Com duas derrotas sofridas e com cinco golos sofridos. Ontem no Dragão, esgotado, o Porto dominou claramente na primeira parte. A segunda parte foi mais equilibrada, mas com um Benfica com algum domínio. Mas a intensidade do jogo foi grande, principalmente da equipa de Sérgio Conceição nos primeiros quarenta e cinco minutos. Intensidade com picardias que evidenciam a paixão que domina cada confronto entre Benfica e Porto. A Liga Nos ganhou acrescida emoção e a luta pelo título vai ser constante e cada jogo, de verdade, vai ser uma final. Catorze finais para ambas as equipas e, por excelência, para o Benfica. Com deslocações difíceis e com jogos na Luz nada fáceis. Desde logo frente ao Sporting de Braga. Temos de dizer que os últimos jogos do Benfica, primacialmente no âmbito defensivo, devem exigir acrescida atenção e a devida ponderação. Há erros e há posicionamentos que importa analisar e, digo-o, corrigidos. O Porto ganhou alma com esta vitória e o Benfica sabe que tem de lutar até ao fim. Lutar e sofrer. Lutar e ter confiança. Lutar e acreditar. Sabendo que tem quatro pontos de vantagem. Mas recordando, sempre, que na época passada também tinha sete pontos de atraso. E a história deve estar sempre presente. Em todos os momentos, incluindo nos momentos principais da arbitragem. Para mim Soares empurra Ferro. As imagens indicam-no. A questão para o VAR não era o braço mas sim o empurrão. Mas como acontece com os jogadores - e ontem em vários momentos tal foi inequívoco em alguns - também na arbitragem há incompetências momentâneas!
2 - Para a semana ficaremos a conhecer os finalistas da prova rainha do futebol português, da Taça de Portugal. Em Famalicão e no Dragão disputam-se os jogos decisivos e com Benfica e Académico de Viseu - que empatou com brilho no jogo no Estádio do Fontelo - a visitarem, em situações bem diferentes, os seus diretos adversários. O Jamor é o destino final. E com a nota que, em Espanha, Real de Madrid e Barcelona foram eliminados da Taça do Rei. Parece que a Liga interna e, por excelência, a Liga dos Campeões são as competições principais. O que mostra que, mesmo que de forma informal, começa a haver uma hierarquia de competições. E com as taças das ligas a perderem espaço e relevância. Salvo se concederem direito de acesso a uma competição europeia. Ou se, na reformulação que se anuncia, esse acesso for efetivo, mesmo que para uma Liga Europa 2!. Mas terça e quarta Famalicão e Dragão vão merecer a nossa atenção. Pelo Benfica e pelo Académico. Sou de Viseu. Com honra, muita honra. Mesmo que haja Andrés que o ignorem ou minimizem… Mas quando perdermos o direito a ser diferentes, perdemos o privilégio de ser livres!
3 - O coronavírus é, hoje em dia, umas das preocupações mundiais. Os dados são preocupantes e os números terríveis desta crise sanitária crescem dia a dia. E esta emergência já obrigou ao cancelamento de diferentes eventos desportivos, como os Mundiais de atletismo, ou, previsivelmente, o Grande Prémio de Fórmula 1 marcado para Xangai a 19 de Abril. E, ainda, competições de classificação para as Olimpíadas em diversas modalidades, como no basquetebol feminino, no boxe e no futebol feminino. E outras competições estão claramente afetadas como a Liga chinesa de futebol, o esqui ou o ténis. E também determinou que se tornem impossíveis os controles antidoping até para limitar qualquer possibilidade de contágio. Este coronavírus começa a preocupar seriamente os organizadores dos Jogos Olímpicos - e também Paralímpicos - de Tóquio, cuja abertura ocorrerá no próximo dia 24 de julho. Acredito que as duas próximas semanas serão determinantes para avaliar se este vírus se circunscreve ou, então, se alastra e evolui e com consequências geopolíticas globais, gerando, até, sérias perturbações no sistema internacional. Mas o que vamos percebendo, para além das múltiplas quarentenas, é que o coronavírus já atingiu, necessariamente, o mundo do desporto e começa a preocupar, em razão da proximidade, os organizadores de um dos grandes eventos desportivos do próximo verão, os Jogos Olímpicos. Para lá desse Europeu de futebol singular, o Europeu das doze cidades!
4 - Trago hoje aqui uma saudação a um comando português que em razão de um acidente numa missão da ONU - Organização das Nações Unidas - na República Centro Africana teve os membros inferiores amputados. Dei-lhe um abraço há poucas semanas no Estádio da Luz, ele que é adepto do Benfica e tem como ídolo o Pizzi. Estava acompanhado, numa simplicidade que importa realçar, pelo ministro da Defesa Nacional, o Professor João Gomes Cravinho. Naqueles noventa e cinco minutos o Aliu Camará, nos seus vinte e três anos e na sua cadeira de rodas, exemplarmente fardado, mostrou o aprumo de um Comando. E, aqui, lhe renovo o abraço com a certeza que o Estado português não deixará de criar as condições jurídicas para o seu devido enquadramento e, necessariamente, e na medida da sua vontade, uma carreira nas nossas Forças Armadas. Gostei de o abraçar, Aliu Camará. E cumprimento, pela humildade da companhia e a simplicidade da partilha, o gesto do Professor João Gomes Cravinho.
5 - O Torneio das Seis Nações de râguebi é uma das grandes competições da modalidade. A par do cada vez mais relevante Mundial desta modalidade, com VAR assumido, isto é, com toda a gente a acompanhar ao vivo as decisões do árbitro tendo em conta as imagens da televisão. O público do râguebi escuta as razões e percebe as explicações. O torneio junta, em estádios esgotados, Inglaterra, País de Gales, França, Escócia, Irlanda e Itália. São seis desde 2000, ano que marca a admissão da Itália. Os momentos iniciais são arrepiantes. Os hinos são cantados a plenos pulmões. Como também vimos e vibrámos, ontem, com o nosso hino antes do jogo que envolveu a vitoriosa seleção portuguesa face à Roménia. Mas, por exemplo, os momentos que antecederam o Escócia- Inglaterra mostraram que há uma imensa alma escocesa. Aquele hino, aquela imensa emoção, aquelas cores, aquela partilha e aquela comunhão evidenciam muito. E agora que se concretizou o Brexit parece que se sente mais uma vontade própria da Escócia. Diria que se pressente mais a partir de um jogo de râguebi!