Portugal nas asas do 'falcão'

OPINIÃO23.11.202003:00

O desporto português, do qual gostamos tão pouco e que apoiamos ainda menos, continua a dar-nos alegrias em série. Depois das montanhas movidas por João Almeida e Rúben Guerreiro no Giro, e da velocidade atingida por Iuri Leitão e os irmãos Oliveira em pista, Fernando Pimenta e Joana Vasconcelos mostraram enorme força de braços na canoagem, tal como a eterna Telma Monteiro (que todos os santinhos a guardem!), Jorge Fonseca e Rochele Nunes no judo. Já faltava Miguel Oliveira a lembrar-nos da sua excelência, com uma estrondosa corrida desde a primeira curva em Portimão. O falcão voou mesmo, de asas bem abertas.

O sucesso só surge porque os atletas, aqueles que carregam a bandeira do país e dos quais só nos lembramos quando vencem - nem que seja para o Presidente da República organizar mais uma receção em Belém -, gostam do que fazem, por eles e por nós. Tenho a certeza de que todos eles agradeceriam medidas efetivas de dinamização das respetivas modalidades em vez das habituais pancadinhas nas costas e mensagens de parabéns da classe política, já que só pela carolice se explica que um país que gira à volta de um futebol poluído e suicida, pequeno em dimensões, condições, população e, sobretudo, cultura desportiva, consiga estar tantas vezes nas bocas do resto do mundo por tão boas razões.

Conheci Miguel Oliveira num estúdio de televisão, ainda ele não estava na primeira categoria do motociclismo. Devo confessar-vos que saí de lá a acreditar que tinha estado perante um futuro campeão. Não percebo grande coisa de motos, mas tudo no discurso encaixava: a ambição, o foco e os relatos da forma como se preparava. Vivi como vocês, também nervoso e cheio de fé, a história que ele já escreve. E em capitais. O falcão voou e voámos com ele. Obrigado, Miguel pelo que vais conquistar!