Porto no ‘quintal’ Champions
VOLTA o FC Porto à máxima competição europeia onde tem assinado desempenhos muito relevantes desde a estreia do elitista formato Champions em 1992/1993. Campeão em 2004 (com José Mourinho), semi-finalista em 1994 (com Bobby Robson) e quarto-finalista em mais cinco ocasiões (com António Oliveira, Fernando Santos, Jesualdo Ferreira, Julen Lopetegui e Sérgio Conceição) o FCP faz parte da restrita elite de vencedores da Champions e ocupa lugar destacado (6.º) no top ten da competição. O adversário é de respeito - o Manchester City de Pep Guardiola, que há duas épocas, pela primeira vez na história centenária do futebol inglês, ganhou todos os títulos domésticos - mas o FCP habituou-nos há muito a não se deixar intimidar por nomes e adversários sonantes. É um clube de firme personalidade europeia a que Sérgio Conceição veio devolver a fibra competitiva que andava esmorecida. Com Sérgio, note-se, o FCP sem contratações milionárias chegou aos oitavos da Champions em 2018 e aos quartos em 2019, sendo em ambas as ocasiões trucidado (em casa) pelo Liverpool de Jurgen Klopp.
Um ano depois do desastre-Krasnodar, o campeão nacional só pode ter como objetivo passar da fase de grupos (o que o clube conseguiu por 15 vezes em 23 participações), mesmo que do outro lado, além de Guardiola, se perfilem dois treinadores que conhecem o FC Porto de ginjeira: André Villas-Boas (Marselha) e Pedro Martins (Olympiakos). Começar bem é importante na Champions e o FCP estreia-se no campo do favorito sabendo que tem depois dois jogos seguidos em casa (Olympiakos a 27; Marselha a 3 novembro). Pontuar seria ótimo dada a qualidade do adversário - mesmo desfalcado de Kevin de Bruyne e Gabriel Jesus, o City tem qualidade que chegue para torturar qualquer equipa europeia com aquele futebol rendilhado e tentacular; e a histórica incapacidade do FC Porto em Inglaterra. Nunca ganhou ali (três empates e 17 derrotas em 20 visitas) e não marca um único golo desde abril de 2009, num empate (2-2) in extremis em Old Trafford assinado por Mariano González. Desde então, o FCP acumula sete derrotas e um parcial de 0-15 que devem ser encarados não como sentença antecipada, mas como um desafio (foi assim que pensou o sueco Sven-Goran Eriksson antes de conduzir o Benfica à sua primeira vitória de sempre em Inglaterra - 3-1 em Highbury ao Arsenal - em novembro de 1991; eu estava lá e ouvi Eriksson dizer na noite de véspera: «Amanhã vamos acabar com esta tradição»).
O mais natural é o City ganhar, mas voltando a Sérgio, às queixas, reparos e avisos de Sérgio. É claro que não se substituem dois jogadores tão influentes como Alex Telles e Danilo com um estalar de dedos (por muito bons que sejam os substitutos, o que ainda estamos para ver…), mas é um facto que o FCP, ao contrário do que sucedeu na época passada, conseguiu manter a maioria dos pesos pesados que asseguraram a dobradinha há pouco mais de dois meses. E como a Champions opera maravilhas em termos de empenho, motivação e disponibilidade para ser visto e apreciado, é de esperar um FCP muito mais combativo e focado do que aquele que se viu com Marítimo e Sporting…