Pornografias

OPINIÃO25.05.201904:00

Com líderes de grandes economias em juvenis comportamentos de comparação de atributos acaba por ser compreensível que os tempos que vivemos sejam de baixa moralidade. Facilita-se assim o enquadramento a coisas estranhas, algumas impensáveis. Junto aqui duas que o caro leitor fará o favor de considerar. Ora então, li que o deputado dinamarquês, ex-lançador do peso, Joachim Olsen pagou um anúncio de campanha política às Europeias no site pornográfico Pornhub, que eu, claro, nem sei o que é. «Temos de estar onde estão os eleitores», justificou Olsen, que em Atenas-2004 ganhou medalha de prata nos Jogos. E se pensa que algo assim só terá sentido único desengane-se, pois lembrei-me de ter lido história parecida há uns meses, que recupero: o site pornográfico Jacquie & Michel, que até tem um bonito título para romance, fez publicidade na equipa francesa de râguebi US Carcassone, apelando ao, vamos lá, vigor na atividade, iniciativa proibida logo no jogo seguinte pela federação gaulesa, que exigiu decência. Enfim, ideias literal e figurativamente pornográficas.


No que ao indecoroso respeita os tempos, então, já conheceram mais subtileza, o que me parece sempre preferível. Ainda há dias os antigos futebolistas Vinnie Jones e Paul Gascoigne deixaram-se fotografar num afetuoso abraço, com Gazza, quase apaixonado, encostando a cabeça ao ombro de Vinnie, e recordaram quando há 30 anos Jones, então impiedoso médio do Wimbledon, agarrou Gazza, vedeta do Newcastle, pelas, tal como dizem os ingleses, joias da coroa. A imagem é icónica, basta escrever os nomes online e será a primeira. «Agarrei-te por ali porque não tinhas cabelo para puxar. Não te queria magoar, era só um toquezinho…», explicou Jones, parecendo até sentimental. Gazza contou que depois do jogo a primeira coisa que fez foi enviar para a morada de Jones um cartão e um arranjo de rosas vermelhas. Ficaram sempre amigos. Íntimos, aliás.