Paradoxo francês
Os treinadores franceses estão em crise. Atravessámos recentemente um período - até ao regresso de Zidane ao Real Madrid - no qual não havia qualquer francês a treinar nas principais ligas de Inglaterra, Espanha, Itália e Alemanha, algo que não se verificava desde 1996, sobretudo pelo reinado de Arsène Wenger no Arsenal, mas também pela marca de Fernández no Athletic Bilbao, Houllier no Liverpool e no Aston Villa, Tigana no Fulham, Rudi Garcia na Roma ou Puel no Southampton e Leicester, entre casos mais insignificantes.
Agora retornou Zidane ao Real Madrid e verifica-se um contraditório: ninguém quer treinadores franceses, contudo os dois que andam pelo topo são Didier Deschamps, campeão do Mundo pela França e, então, Zidane, tricampeão europeu pelo maior clube do Mundo, o Real Madrid.
Porquê? Ignoro. Para mais porque entre Deschamps e Zidane nem vejo semelhanças - além de terem sido companheiros na Juventus e campeões do Mundo na França de 1998 - pois o primeiro é comprovadamente um duro que nem deixa os jogadores levantarem os olhos do chão quanto mais a voz, o segundo é um visto como amigo dos jogadores, alguém que foi craque e deixa os craques serem craques.
Até no râguebi, note-se: li noutro dia no Le Figaro que correm opiniões para ter pela primeira vez na história um estrangeiro à frente da equipa nacional caída em desgraça!
É uma variante de paradoxo francês aplicada aos treinadores, aquela célebre incapacidade das teorias científicas nutricionistas para compreender como podem os franceses ter uma dieta tão abundante em gorduras saturadas e ainda assim menos casos de acidentes cardiovasculares comparativamente a outros povos e países.