Pa(i)trocinadores

OPINIÃO13.08.202107:00

A aquisição de parte do capital do Crystal Palace e a posição de Textor no Benfica

PERANTE a aquisição de quase 18% do capital do CPFC Limited (veículo comercial utilizado pelo Crystal Palace), é desta que John Textor se constituiu oficialmente como entidade concorrente para efeitos do artigo 13.º, n.º 2, alínea a) e n.º 4, alínea a) dos Estatutos da SAD benfiquista. Mas tal não impede o cowboy americano de continuar a querer investir na SAD nacional. A sua futura e eventual entrada na Luz passa a estar definitivamente condicionada à unanimidade dos votos correspondentes às ações da categoria A e que pertencem exclusivamente ao Benfica. Assim se impõe para a aquisição de ações representativas de mais de 2% do capital social da SAD por entidade concorrente. Por outro lado, cumpre relembrar que, se tal movimentação ocorrer, torna-se aconselhável pensar-se num eventual reforço da posição acionista do clube na SAD de forma direta ou indireta (através da sua Sport Lisboa e Benfica, SGPS, S.A. conforme devidamente previsto pelo artigo 23.º, n.º 4 do Decreto-Lei das Sociedades Desportivas). À partida, a aquisição de uma posição de referência no capital de uma SAD não deve assustar ninguém mas, à cautela, deve ser imediatamente seguida de investimento considerável por parte do clube fundador. A decisão favorável dos sócios a uma entrada de capital estrangeiro superior a 2% até deveria estar (obrigatoriamente) condicionada ao reforço da posição do fundador. Se houver dinheiro, claro. Algo que cada vez mais escasseia no futebol. Em Espanha, o Real Madrid ameaçou com ações judiciais contra o presidente da Liga Espanhola e o Fundo CVC, pretendendo anular acordo de €2,7 mil milhões em troca de quota de 10% do capital da La Liga. Mas o acordo foi selado ontem pela Assembleia dos clubes. Embora com voto contra, o Barcelona receberá 253,81 milhões, o Real 241,05, o Atlético 181,75, o Sevilha 119,92 e o Valência 117,93. Mas apenas 15% são para a inscrição de jogadores e outros 15% para a reestruturação da sua dívida. E ainda vão pagar de volta com juros.