Os ricos querem acabar com os pobres?
O que querem realmente os clubes que se reuniram no Rei dos Leitões, à revelia da organização patronal que os representa?
O que vai trazer-nos de novo a temporada futebolística de 2021/2022? Da Cimeira do Leitão, na Mealhada, além da desautorização da Liga de Clubes, está por saber se os vários emblemas presentes querem falar a uma só voz, ou se à primeira dificuldade - nomeadamente um penálti ou um off side - não se viram uns contra os outros e esquecem que devia ser mais importante o que os une do que aquilo que os separa. Com a calendarização da venda centralizada dos direitos televisivos já elaborada pelo Governo, o incómodo dos maiores clubes perante a possibilidade de vir a haver uma distribuição mais equitativa do bolo total é mais do que evidente. Em Portugal, boa parte da fraca competitividade deve-se à disparidade orçamental, com diferenças, entre clubes que disputam a mesma competição, de 15 vezes, enquanto em Inglaterra, por exemplo, essa diferença é de 1,5. Mas se os chamados grandes, com necessidades urgentes e vistas curtas, não querem criar condições para uma competição melhor, já não se percebe que os restantes emblemas persistam numa vassalagem que cada vez faz menos sentido.
O que é que os clubes mais frágeis têm a ganhar ao seguirem as posições dos maiores? Um ou outro jogador emprestado? Algumas vendas, em momentos de penúria financeira, que sirva para tapar buracos? Francamente, não me parece suficientemente apelativo para que se boicote o esforço pela centralização.
Este debate sobre a centralização faz-me lembrar uma conversa entre o falecido primeiro-ministro da Suécia, Olof Palme, e o então poderoso Otelo Saraiva de Carvalho. Para a lenda passou que Palme quis saber quais os objetivos da revolução portuguesa, ao que Otelo lhe terá respondido que queríamos acabar com os ricos, tendo-lhe Olof Palme retorquido que na Suécia queriam era acabar com os pobres. Aqui é o mesmo: o fundamental é acabar com os (clubes) pobres, criando uma classe média que poderá vir a ser o motor de uma competição mais equilibrada e mais vendável.
O futuro nos dirá, e não há de faltar muito tempo, o que realmente pretendem os clubes que se reuniram no Rei dos Leitões, até que ponto estão dispostos a afrontar, pela desautorização, a direção da Liga, e de que forma pretendem relacionar-se com o Governo.
ÁS - MIGUEL OLIVEIRA
O segundo lugar no Grande Prémio de Itália em MotoGP é prova mais do que suficiente de que Miguel Oliveira pertence a uma elite jovem, que se afirma a cada dia que passa, no reino das duas rodas motorizadas. O piloto de Almada tem todas as condições para, mais ano, menos ano, ser campeão do Mundo.
ÁS - THOMAS TUCHEL
Que bem deve ter sabido ao treinador alemão a vitória na Liga dos Campeões. Em 2020, campeão em França, perdeu a decisão para o Bayern e foi despedido à má fila. Ficou a ganhar o Chelsea, que recebeu, ao contratar Tuchel, competência que fez aumentar a consistência e derreter a concorrência.
ÁS - ARMANDO EVANGELISTA
O Arouca está de regresso à Liga, depois de eliminar no play-off um irreconhecível Rio Ave, que começou a época a prometer feitos europeus e acabou a temporada a despedir-se sem glória. Parabéns ao treinador Armando Evangelista e a todos que fizeram parte desta aventura, que teve um final feliz.