Os grandes mitos urbanos

OPINIÃO16.03.202003:00

AINDA hoje há quem não acredite que o Homem foi à Lua. A 20 de julho de 1969, Neil Armstrong deu os passos mais famosos da história mundial e proferiu uma das frases igualmente mais famosas: «That’s one small step for man, one giant leap for mankind». Era, de facto, um passo pequeno para Armstrong, mas gigantesco para a Humanidade. Porém, passados mais de 50 anos (!), há ainda quem ache que tudo aquilo foi mentira: a Lua, a Apollo-11, o capacete, o próprio Armstrong. A internet, por exemplo, está recheada de teorias da conspiração, com fotos e vídeos, entre outras coisas, tentando provar aquilo que será, segundo os seus autores, uma das maiores farsas da humanidade. Mito 1: se não há vento na Lua, como está a bandeira dos Estados Unidos a mexer-se nos filmes? Mito 2: se há tanta estrela no céu, como é que as fotografias tiradas pelos astronautas não apanharam nenhuma? Mito 3: impossível  sobreviver a uma viagem à Lua devido à intensa radiação solar. Mito 4: há uma pedra escrita com a letra C na Lua. Mito 5: o computador de bordo da Apollo 11 era fraco e não resistiria a uma viagem de milhão e meio de quilómetros. Mito 6: a areia levantada por Pizzi quando marcou a grande penalidade na Luz, frente ao Moreirense, veio da Lua porque Armstrong não chegou a pisar o satélite terrestre e usou um caterpillar para trazer a areia que depois fez cair sobre o relvado do Benfica. OK.

AINDA hoje há quem não acredite que Elvis Presley morreu. A 16 de agosto de 1977, em Memphis, o cantor morreu de ataque cardíaco. Para alguns, porém, está vivinho e de boa saúde, apesar dos 85 anos. Mito 1: foi visto nas areias quentes de uma ilha deserta. Mito 2: foi abduzido por um extraterrestre e está a viver, sossegadinho, algures entre Marte e Plutão. Mito 3: Elvis, deprimido por estar a perder popularidade, pagou a um sósia para inventar o seu funeral e, entretanto, fugiu para os confins de um estado brasileiro. Mito 4: está vivo e é agora um pastor evangélico no Arkansas chamado Bob Joyce. Mito 5: a 31 de dezembro de 1977, um homem chamado Mike Joseph visitou a casa de Elvis, a famosa Graceland, e tirou meia dúzia de fotografias. Dias depois, quando as revelou, apareceu numa delas a sombra do cantor junto a uma porta. Mito 6: há quem o tenha visto na Cidade do Futebol, a manejar o VAR e ajudar Vasco Santos na grande penalidade não assinalada sobre Marega. OK.

AINDA hoje há quem acredite que o beatle Paul McCartney morreu há muitos anos e, entretanto, foi substituído na banda por um sósia. Dizem que tal aconteceu a 9 de novembro de 1966, num acidente de automóvel. Mito 1: John Lennon escreveu músicas para a banda britânica, em 1967 e 1969, nas quais, em fundo, aparecia uma voz a sussurrar: «Paul is alive». Mito 2: se ouvirmos a canção Revolution 9, do Album Branco dos Beatles, de trás para a frente, podemos perceber a seguinte frase: «Turn me on, dead man». Mito 3: na contracapa do album Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, três dos quatro beatles olham de frente para a câmara, enquanto os olhos de Paul McCartney projetam-se noutra direção e o seu corpo tem sombreado diferente. Mito 4: McCartney tivera forte discussão com os outros beatles durante a gravação de uma canção e, irritado, saíra do estúdio e tivera grave acidente de automóvel, acabando decapitado. Mito 5: numa das fotos tiradas para o álbum Abbey Road, McCartney aparece a fumar um cigarro com a mão direita, quando ele era canhoto. Mito 6: McCartney fugiu para Portugal no final dos anos 60, esteve incógnito até finais do século passado, altura em que tocou, de barba e cabelo louro, na banda com a qual Maria José Valério regravou a Marcha do Sporting. OK.

HÁ quem acredite que descobriu a famosa fórmula da Coca-Cola, a qual, segundo Asa Candler, fundador da empresa, apenas é conhecida de dois executivos. Que não podem viajar juntos, de forma a não morrerem ambos. Quando um morre, o outro escolhe um sucessor e transmite-lhe o segredo da bebida. Mito 1: uma onça de extrato de baunilha; duas onças e meia de aromatizante (uma onça de óleo de laranja 80, uma onça de óleo de limão 120, uma onça de óleo de canela 40, uma onça de óleo de coentro 40, Nerol 20 e um quarto de onça de álcool); 4 onças de fluido de coca; 3 onças de ácido cítrico; 1 quarto de suco de lima; 30 g de açúcar; 3,785 litros de água; quantidade suficiente de caramelo. Mito 2: a fórmula é igual à da Pepsi, mas com menos 253 g de açúcar e mais dois decilitros de água; Mito 3: toda a gente ligada à Coca Cola sabe quais os ingredientes da fórmula, só que assinaram elevadas cláusulas de confidencialidade. Mito 4: 2400 g de açúcar dissolvidas em água; 37 de caramelo; 3,1 de cafeína; 11 de ácido fosfórico; 1,1 de folha de coca e 0,37 de nozes de cola (embebidas em 22 de álcool 20%); 30 de suco de lima; 19 de glicerina; 1,5 de extrato de baunilha; aromatizante (0,47 de óleo de laranja), 0,88 de óleo de limão; 0,07 de óleo de noz-moscada; 0,39 de óleo de lima; 0,2 de óleo de cássia; traços de óleo de coentro e de nerol. Mito 5: dois descafeinados despejados num litro de água quente. Mito 6: pitadas de xarope de milho, corante de caramelo, cafeína, ácido fosfórico, lavanda, extrato de noz de cola, baunilha, canela, óleos essenciais e especiarias. Coloca-se tudo num litro de água, chocalha-se e está pronta a beber. OK.

HÁ quem acredita que o coronavírus não existe. Mito 1: não é preciso lavar as mãos. Mito 2: não é preciso manter distância social. Mito 3: antibióticos acabam com o vírus. Mito 4: devemos tossir para as mãos. Mito 5: durante a quarentena podemos ir, sem ponta de perigo, para praias, bares e discotecas. Mito 6: isto passa num piscar de olhos. OK.