Os desafios, vistos da Luz, para 2022
Se não for travada a têndência autofágica a que começa a assistir-se, o Benfica correrá um perigo sério de balcanização...
AGUARDAM o Benfica alguns desafios particularmente delicados em 2022. Para além de manterem as finanças sãs, condição sine qua non para alavancarem as várias plataformas do clube, os encarnados vão ter em mãos a magna questão da definição estratégica do futebol, que deverá vigorar ao longo de todo o mandato dos órgãos sociais em funções. Só depois desta decisão, que deverá ser explicada exaustivamente a sócios e adeptos, de maneira a criar uma forte cadeia de solidariedade entre eleitores e eleitos, fará sentido avançar para a preparação da próxima época, que se seguirá a este ano zero que Rui Costa está a viver, amarrado ainda a uma série de condicionantes herdadas do passado.
Ninguém duvidará de que os passos que forem dados na construção de uma equipa desenhada sobre parâmetros devidamente maturados serão de tremenda importância para o futuro, a curto e médio prazo, do Benfica. Porém, apesar de reconhecer a transcendência das escolhas estratégicas, vulgarizadas como projeto, há um outro desafio, ainda mais importante, que os benfiquistas serão chamados a enfrentar: o da coesão.
Nos últimos tempos, a propósito dos resultados menos bons e das exibições insuficientes que culminaram na saída de Jorge Jesus, começou a ganhar força uma tendência de bota-abaixo sistemático, que atingiu tudo e todos na casa encarnada, de Pizzi a Rafa, de Luisão a Rui Pedro Braz, de Domingos Soares de Oliveira a Rui Costa.
Se for esse o caminho escolhido, é mais do que evidente que ao Benfica estará reservada uma travessia de deserto do calibre daquela que o Sporting viveu durante 19 anos, fruto de um clube balcanizado, onde as práticas autofágicas mataram à nascença muitas boas ideias que foram lançadas para a mesa.
Hoje, o maior desafio que os benfiquistas enfrentam é o de manterem o clube dentro de padrões de união que estejam de acordo com o lema do clube, E Pluribus Unum. E não precisam de fazê-lo em ordem unida, de forma acéfala, segundo os ditames de qualquer seguidismo, porque um comportamento dessa natureza, amorfo, aniquilaria a vivacidade que é a riqueza das instituições.
O que devem, creio, é dizer não às tentações autofágicas, de inspiração populista, já percetíveis, a propósito de tudo e de nada…
ÁS – SÉRGIO CONCEIÇÃO
O trabalho que Sérgio Conceição tem desenvolvido no FC Porto, maximizando recursos em tempos de vacas magras, justifica a estátua com que foi imortalizado no Museu do clube. As duas vitórias sobre o Benfica também serviram para amenizar o prejuízo causado pela ausência dos oitavos da Champions.
REI – PAULO SOUSA
Não foi elegante (no mínimo) a forma como se despediu, à francesa, da seleção da Polónia, mas não terá resistido à tentação de treinar o Flamengo, clube de torcida imensa e com condições para lutar por todos os títulos nacionais e continentais. Boa sorte, é o que se deseja, nesta nova etapa deste trota mundos lusitano.
DUQUE – RAFA BENITEZ
Três derrotas consecutivas na Premier League, uma vitória apenas nos últimos doze jogos, um dececionante 15.º lugar na tabela, e eis Rafa Benitez na corda bamba no Everton. A administração dos Toffees desprezou o sentimento dos adeptos quanto a Rafa e agora percebem que o céu está a abater-se sobre as cabeças.