Opinião e oposição!...
Vou continuar a resenha dos meus artigos escritos neste período de tempo, ou seja um ano de mandato do actual Conselho Directivo do Sporting Clube de Portugal, que, com o devido respeito, parece fazer alguma confusão entre opinião e oposição, talvez porque nunca tenha vivido uma situação política em que não havia opinião quanto mais oposição.
Em 13/04/2019, sob o título Abre-te Sporting, critiquei a divulgação da auditoria e o espectáculo que daí resultou, merecendo reparos, nomeadamente, do Presidente da Assembleia Geral que, seguramente, não faz parte da oposição apesar de emitir opiniões que todos nós apreciamos e relevamos, dado se tratar de uma ilustre figura pública nos mais diversos domínios. Limito-me a destacar aquilo que o próprio editor destacou: Se acham que o interesse do Sporting é pôr tudo na praça pública para gáudio dos nossos adversários e inimigos vamos em frente e não nos queixemos das nossas próprias culpas! E, a propósito de alguns comentários menos simpáticos para comigo, apenas disse: gostaria que, como foi prometido na campanha eleitoral, fossem arregaçadas as mangas de todos, em união, no interesse do Sporting. Constato com tristeza que continua a haver sportinguistas e sportingados, só que com outros nomes e com outras origens. Será isto oposição?
Só em 04/05/2019 voltei a falar sobre o Sporting, para saudar o sucesso do futsal: E, independentemente de todo o orgulho e júbilo que nos causa a todos este triunfo europeu, importa meditar e extrair ilações, passada a euforia que estamos a viver, e que devemos saborear. Todos nós nos devemos perguntar - e sabe-se que nos perguntamos mesmo - porquê todo este sucesso nas modalidades em geral e, em particular, no futsal. Alguns querem ignorar a resposta, que aliás é simples. Não há segredos: há esforço, há dedicação e há devoção e, por isso, há estabilidade. Já todos sabemos que o Sporting muda de direção como quem muda de camisa; muda de treinador como quem muda de calças. Mas, felizmente, mudam-se os tempos e as vontades, mudam-se os presidentes e as Direcções, mas permanecem os verdadeiros operários do ecletismo: os seccionistas, os directores, os coordenadores, etc. O futsal é também esse exemplo de estabilidade. Miguel Albuquerque é dirigente do futsal, salvo erro, desde 2011/12 (hoje Director Geral das modalidades) e o actual treinador da equipa principal, Nuno Dias, também está no clube desde 2012. E depois não é só a estabilidade, mas também a competência. Estabilidade e competência não são o segredo, mas são manifestamente a receita do sucesso. E por aqui se percebe porque, para além de outros factores, são mais raros os sucessos do futebol. Estão pois de parabéns um grande dirigente, Miguel Albuquerque, um grande treinador Nuno Dias, os grandes jogadores que compõem o plantel e todos os restantes grandes elementos que formam um todo que é o nosso orgulho. Bem hajam porque eles, entre muitos outros, são os obreiros de um clube tão grande como os maiores da Europa, como desejou e profetizou o Visconde de Alvalade. Será isto oposição?
Sob o título Duas temporadas, em 18 de Maio, conclui face às vitórias do hóquei e do futsal, com um breve balanço da temporada 2018/2019: A temporada está a acabar. Por muito que alguns não queiram, e façam por isso, como no teatro, o pano do Estádio José de Alvalade e do Pavilhão João Rocha, em Portugal, como em outros teatros na Europa, continuará a subir e a descer, para os actores leoninos virem a boca de cena agradecer os aplausos. Parágrafos antes havia-me pronunciado sobre o futebol: Olhando objectivamente para a peça ou peças produzidas, em termos de futebol, só tenho mesmo que me por de pé para aplaudir a peça ou peças montadas. Num cenário de horror, conseguimos conquistar a Taça da Liga, passar a fase de grupos da Liga Europa, chegar à final da Taça e ao terceiro lugar no campeonato. Não exigia tanto, por mais que me custasse sentir que não podia exigir o que se verificou. Só espero que, mudado o cenário, não haja muita mudança de actores, isto é, que o teatro se mantenha em cena e não seja substituído por uma qualquer novela mexicana!... Será isto oposição?
Não há mais tempo (25/05/2019): É tempo de dizer basta. É tempo de haver uma orientação, um rumo, uma caminhada segura e não aos baldões. É tempo de andar para a frente e não parar ou andar para o lado. É tempo de mostrar que os sportinguistas tropeçam, mas não tombam. É tempo de mostrar que ainda temos energia e não de revelar impotência e conformação com o nosso destino. O futuro a Deus pertence, mas nós, sportinguistas, também temos de fazer alguma coisa. Deus fez o mundo; o holandês fez a Holanda. Nas mãos e no coração dos sportinguistas terá de estar a reconstrução das ideias, dos princípios e dos valores, e na sua cabeça uma nova visão para o clube e a sua SAD. Hoje quero a vitória na Taça de Portugal, como um bálsamo do presente, que nos recorde o passado. Mas que essa vitória não sirva para adiar o futuro, porque o futuro já não permite mais adiamentos!... Será isto oposição?
Em Encontrar o caminho (01/06/2019), depois da vitória na Taça de Portugal, disse a terminar: Estou feliz com a vitória na Taça de Portugal! Mas é passado e a taça já está no Museu da nossa história. Mas a nossa história tem que continuar e é isso que me preocupa: o futuro! Estou farto de anos zero e de anos um. Quero o ano um, o dois, o três ou quatro, mas de um projecto com um objetivo concreto, com princípio, meio e fim. Por mim, continuarei a dar o meu pequeno contributo para essa discussão fulcral e inadiável no meu clube. Sem tibiezas, nem preconceitos. Não quero ter razão, nem penso que sou o dono da verdade. Mas quero que me demonstrem que não tenho razão e que o caminho é outro!...Será isto oposição?
E por hoje vou ficar por aqui, continuando a pensar que reina a confusão sobre o que é um fosso, o que significam os esqueletos a saltar dos armários, o que significa opinião e oposição, dar opinião e fazer oposição, ter opinião e estar na oposição. Para mim fosso não é profundidade, mas distância; os esqueletos são fantasmas; e não faço oposição, não estou na oposição porque não existe, não abdico de ter e dar opinião porque sou um homem que vive o Sporting e, sobretudo, porque sou um homem livre!
Jorge Sampaio
Não me alonguei mais no tema anterior para poder deixar aqui umas modestas palavras sobre um grande sportinguista, mas sobretudo um grande português, num momento em que acaba de completar a bonita idade de 80 anos.
Sempre nutri grande admiração por Jorge Sampaio, desde os tempos em que ele, ainda como universitário, se batia pela democracia, pela liberdade e os direitos dos estudantes enquanto Presidente da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa. As minhas irmãs, universitárias da mesma época, falavam dele com admiração e respeito, e eu, então ainda um estudante do liceu, também me habituei a admirá-lo.
Mais tarde, conheci-o pessoalmente, já na vida profissional, por apresentação de um querido meu professor e amigo de ambos, Miguel Galvão Teles, tal como Jorge Sampaio, uma das maiores inteligências que me foi dado conhecer. Por convite de outro grande amigo de ambos e sportinguista, Jorge Fagundes, convivemos no Gabinete Jurídico do Sporting - que saudades!
Não votei nele em nenhuma das eleições, que ganhou, para a Presidência da República, por razões que nada têm a ver com o seu perfil, nos mais diversos aspectos. Por isso o continuarei sempre a considerar como um meu Presidente, aliás como todos os que exerceram o cargo, guardando de todos eles saudades enquanto Chefes de Estado e não só!
Sempre me deu o privilégio e a honra de me tratar por tu, e por isso, desta minha modesta tribuna permite-me um abraço leonino de agradecimento por tudo o que tens feito pelos direitos humanos, pelo teu sportinguismo sincero e nunca ocultado, pelo teu aniversário e com votos que continues por muitos mais anos a dar a tua opinião, própria do homem livre que és!