O título que falta a CR777
Semana decisiva para Cristiano (fica? sai?) e para os portugueses do Lille, PSG, Atlético Madrid e Liverpool
Ocarregamento dos automóveis de luxo de Ronaldo (numa transportadora portuguesa) para um destino desconhecido foi uma das noticias que mais especulações originou nesta semana, que pode ditar o futuro próximo de Cristiano (sai ou continua em Turim?) e da própria Juventus (com ou sem Champions na próxima temporada?, sendo que na segunda hipótese a continuidade de CR7, a 30 milhões por ano, é altamente improvável). Mas antes desse jogo final decisivo em Bolonha, no próximo domingo (dia em que a Juve precisa, no mínimo, que o Milan não ganhe em Bérgamo), Cristiano entra em ação hoje, na final da Coppa de Itália contra essa mesma Atalanta que pode garantir à Juventus a presença na próxima Champions. O jogo é no estádio Città del Tricolore, em Reggio nell’Emilia (casa do Sassuolo), e representa para Cristiano a possibilidade de conquistar o único título em falta na etapa italiana e fechar um fabuloso pleno de títulos nos três países futebolisticamente mais importantes da Europa. Em termos coletivos e individuais, ele ganhou tudo o que havia para ganhar em Inglaterra e em Espanha e está a um jogo de completar o puzzle em Itália e igualar o único profissional do futebol que ganhou tudo em Inglaterra, Espanha e Itália: o compatriota José Mourinho. É isto que está em jogo naquele que pode ser o penúltimo jogo de Cristiano pela vecchia signora.
A má noticia para Ronaldo e Andrea Pirlo é que a Atalanta, em condições normais, joga muito mais do que a Juventus. A imprensa italiana concede maior favoritismo à equipa bergamantina e o próprio Ronaldo tem noção das dificuldades que o aguardam: em cinco jogos contra a vibrante DEA de Gian Piero Gasperini (que se prepara para ser vice-campeã de Itália), CR7 marcou três vezes mas nunca ganhou (quatro empates e uma derrota). Mas, enfim, Cristiano tem um registo fantástico em finais (jogou 32, ganhou 23, perdeu 9 e marcou 20 golos) e normalmente tem sempre qualquer coisa para dizer nestas ocasiões, ele que no último domingo marcou o golo 777 da carreira na baliza do Inter - com esse remate chegou aos 40 na época.
CR7 à procura de mais um título
FONTE DE INSPIRAÇÃO
JOSÉ FONTE, defesa-central capitão do Lille e um dos heróis da seleção portuguesa que foi campeã europeia no Stade de France (2016), tem mais um ano que Ronaldo (37) e está a noventa minutos de igualar a proeza que Leonardo Jardim & Bernardo Silva firmaram há quatro anos: ganhar o campeonato ao PSG mais poderoso da história. O Lille (80 pontos) joga em Angers e tem de fazer o mesmo resultado do PSG (79), que joga em Brest. O clube está a tentar adiar o castigo de um jogo a Fonte (viu três amarelos nos últimos dez jogos) de modo que este possa capitanear a equipa na final de Angers.
José Fonte (36 jogos sempre a titular) tem sido um dos esteios da equipa mais portuguesa do championnat - há ainda Xeka (32), Renato Sanches (22 jogos) e Tiago Djaló (16), além dos adjuntos lusos de Christophe Galtier, Jorge Maciel e Carlos Pires, do coordenador da formação Luís Norton de Matos e do todo poderoso diretor desportivo Luís Campos - e era sensacional que no final do jogo pudesse levantar o troféu de campeão de França em vez do pouco utilizado colega de seleção Danilo (22 jogos no PSG, apenas 15 como titular). Tal como em França, também em Espanha o campeão se decide na última jornada. Aqui é assunto exclusivo de Madrid: será Atlético (83 pontos) ou Real (81). Esta foi a La Liga mais atípica e de menor qualidade dos últimos largos anos, com o Atlético a aproveitar as insuficiências de Barcelona e Real Madrid (os dois em fim de ciclo) para se aguentar no primeiro lugar com um futebol jurássico, capaz de gerar enfado e bocejos a todos os adeptos não colchoneros. Se o Atlético (joga em Valladolid e o Real recebe o Villarreal) terminar campeão, bem pode agradecer aos golos - e à classe - do ex-barcelonista Luis Suárez e à fiabilidade do guarda-redes Oblak. O resto é para esquecer, nomeadamente a tristonha temporada de João Félix (30 jogos, 14 a titular, 16 como suplente), que tarda em afirmar-se perante Simeone. Quanto ao lesionado Diogo Jota (preocupação grande para Fernando Santos, já que é, além de Cristiano, o único com golo na Seleção) terá de aguardar por domingo para saber se o seu Liverpool estará ou não na próxima Liga dos Campeões. Com toda a diferença que isso faz.
QUEM RI/CHORA EM COIMBRA?
AFINAL da Taça em Coimbra, novamente sem público, trará um momento de festa a uma de duas equipas muito precisadas disso; mas ajudará, sobretudo, a definir o superperdedor da temporada. Calhando o Braga ser derrotado, esta será a sua segunda final perdida depois da derrota na Taça da Liga (0-1 com o Sporting) e do 4.º lugar final do campeonato, a 19 pontos do campeão e a dez pontos da 3.ª pré-eliminatória da Champions. Não estou a ver como Carlos Carvalhal pode dar a volta a estes factos sem reconhecer o óbvio.
Calhando a fava ao Benfica, a perda da Taça será a última desfeita de uma época marcada pelos falhanços desportivos - e financeiros - nas competições determinantes - a Champions (por duas vezes falhou o acesso direto) e o campeonato, onde os encarnados terminaram no 3.º lugar pela primeira vez desde Quique Flores em 2009. Não estou a ver como Jorge Jesus pode dar a volta a estes factos sem reconhecer o óbvio.
É claro que quem levantar o troféu fará a festa e aproveitará para tentar maquilhar uma época que, em ambos os casos, ficou claramente aquém das expectativas. Embora seja muito mais fácil para Carvalhal fazer de Coimbra um marco histórico: é que o Braga ganhou duas finais da Taça de Portugal, o Benfica ganhou 26. E não foi ele que disse que ia «arrasar».