O que liga Jesus a Amorim
Não é o compromisso ou a imagem que Jesus tem de si próprio que resolverá os problemas
NÃO faltará quem compare as abordagens de Jesus e Amorim ao assédio de emblemas estrangeiros a meio da temporada. Se o silêncio de Benfica e Sporting se interpreta como um fechar rápido das portas de casa para manter o incêndio do lado de fora, a verdade é que os dois técnicos, além de atravessarem momentos bem divergentes das respetivas carreiras e de terem pretendentes de culturas, níveis de discrição e dimensão internacional bem diferentes, encararam o assunto muito à sua maneira. Um extinguiu-se, o outro encontrou combustível dentro de portas e intoxicou um ambiente já não totalmente respirável antes da visita ao Dragão.
O papel de Rui Costa não é, obviamente, fácil. O momento é crítico e, até chegar-se aqui, não houve mais do que sensações e interpretações (e não necessariamente especulações) do que a equipa tem jogado. Sente-se que dificilmente, depois de ano e meio de trabalho, um Benfica com Jesus chegará ao fim com títulos, contudo decidir em cima de sugestões e não de factos não é para todos. O fim de ciclo teria de ter sido assumido antes de a época se iniciar, o que iliba para já o atual presidente. Neste contexto, teria de ser o técnico a decidir sair. Jesus é apenas presente, não futuro. Não será o compromisso ou a imagem que este tem de si próprio que lhe permitirão encontrar soluções para todos os problemas. Ao Benfica, resta encarar a próxima época, com o risco de ter a atual perdida antes do novo ano, sem objetivos realistas ou valiosos. Os encarnados - tal como os leões, que dificilmente irão manter Amorim depois do verão - devem sim ponderar o próximo passo, que terá obrigatoriamente de ligar de novo academia e scouting ao projeto. Entre alguns nomes viáveis, um sobressai pelo passado, conhecimento de causa e sucesso recente: Renato Paiva. Porém, haverá coragem para a aposta?