O que é que a Liga 3 tem
A Liga tem 18 equipas e 8 saíram de cena na Taça de Portugal, na estreia, com 4 surpreendidas por formações do novo terceiro escalão
A1.ª eliminatória da Taça de Portugal com os 18 clubes da Liga (a 3.ª na edição de 2022/2023) ratificou o mérito da fórmula por trás da mudança no terceiro escalão introduzida no início de 2021/2022. A categoria principal ficou sem 8 representantes na prova, a número 2 do calendário do futebol em Portugal, com 4 eliminados por equipas da Liga 3 (Sporting, Portimonense, Rio Ave e Paços de Ferreira). Derrotaram-nos, respetivamente, Varzim, Vilaverdense, Oliveira do Hospital e Vitória de Setúbal. Foram tomba-gigantes? Não!
A vassourada nos clubes da Liga, no confronto com clubes da Liga 3, só por muito pouco não foi maior! Benfica (Caldas), SC Braga (Felgueiras) e Estoril (Amora) passaram por sustos com que não contavam, sobretudo os encarnados, que venceram após desempate por pontapés da marca da grande penalidade. Mas, afinal, o que é que esta Liga 3 tem de tão especial?
O novo terceiro escalão (encontra-se apenas na 2.ª temporada de existência...) tem formato que beneficia a competitividade: no campeonato, 24 equipas arrumadas em duas séries de 12, que jogam sempre sobre relva natural. Atualmente, analisando a competição, percebe-se que está a cumprir o obje- tivo de criar espaço para preparar clubes e jogadores para a profissionalização, que estimula, por exemplo, com a distribuição de prémios que valorizam os melhores entre os melhores na categoria.
O campeonato abaixo da Liga 2 e acima do Campeonato de Portugal também distribui financiamentos para benefício de tudo e todos, por estimular o aumento do número de profissionais, o desenvolvimento das infraestruturas e até a atração de público aos estádios.
Varzim, depois de despromovido da Liga 2 à Liga 3, eliminou o Sporting na Taça de Portugal
Sporting, Portimonense, Rio Ave e Paços de Ferreira confrontaram-se com a qualidade da Liga 3 e, muito precocemente, despediram-se da Taça de Portugal. Benfica, SC Braga e Estoril suaram para derrotar adversários da mesma categoria. A competitividade dos rivais surpreendeu-os a todos… Não devia! Esta época, cumpridas apenas 5 jornadas, entre Série A e Série B, 40 empates e 22 vitórias domésticas e 18 forasteiras. Nenhuma dúvida: este campeonato é equilibradíssimo e tem jogadores e treinadores de nível acima da média.
E os méritos de reestruturação do quadro competitivo expressam-se na atração de mais investidores e investimentos ou nos resultados das equipas promovidas da Liga 3 à Liga 2 e da Liga 2 à Liga. É importante, muito importante, assegurar-se a sustentabilidade dos clubes e da competição, o que pressupõe monitorização permanente do cumprimento de todos os pontos inscritos num caderno de encargos exigente que tem deveres e direitos. Muitas vezes, conhecem-se melhor os primeiros do que os segundos. E o sucesso depende da manutenção de equilíbrio difícil.
Outro mérito muito importante: menos clubes, mais qualidade. É o modelo para o futebol profissional na era da centralização dos direitos televisivos. Premissas para espetáculo e negócio melhores.