O pé que não sai do fundo do mar
SC BRAGA, FC Porto, Sporting e Benfica. Uma a uma, as equipas portuguesas foram caindo da Liga Europa, umas com mais estrondo do que outras, mas todas de mãos dadas na queda. Jorge Palma é um dos mais brilhantes compositores da música portuguesa e lá pelos inícios dos anos 80 do século passado deitou ao mundo mais uma brilhante música. «Ai Portugal, Portugal/ do que é que estás à espera/ tens o pé numa galera/outro no fundo mar», diz de rompante a canção logo no seu início. Passaram-se mais de trinta anos. A ideia da internacionalização, não para a sobrevivência do início do século XX ou dos anos 60 mas para competir em empregos qualificados pelo mundo, vingou nas gerações mais novas. Hoje em dia, olhando para o futebol português, apenas na Seleção Nacional encontramos essa perspetiva. De resto, a nível de clubes, temos um pé que não sai do fundo do mar. Tirámos o outro da galera que nos poderia levar mundo afora. O futebol mudou muito nos últimos anos, é verdade. Uma equipa portuguesa pensar vencer a Liga dos Campeões é utopia. Mas a Liga Europa não seria. Mas foi; mas é. E, sobretudo, devido a uma questão de mentalidade, duma classe dirigente demasiado preocupada em olhar para o quintal do vizinho; presa em guerras que, a serem vencidas, a podem levar ao fim da rua mas nunca a vão levar ao fim do mundo. Numa análise aos quatro desempenhos, o SC Braga era o que teria menos obrigação mas sonhou; o Sporting não saiu do quase eterno terror noturno; o FC Porto deu mais um passo no seu recente retrocesso europeu e o Benfica voltou a chegar à estação para apanhar o interrail e quando olhou tinha-se esquecido do bilhete.
Dos quatro eliminados, águias e dragões vão agora lutar pelo primeiro lugar; bracarenses e leões pelo terceiro. A malta vai continuar animada. É como o Portugal dos Pequenitos. É tudo muito engraçado. À nossa escala.