O `jour de gloire´ chegou. Sem surpresa

OPINIÃO16.07.201804:42

A França sagrou-se, com mérito, campeã do mundo, depois de sete jogos em que demonstrou qualidade técnica, espírito coletivo e uma assinalável maturidade. Há que contar com estes gauleses para o futuro, porque além de terem apresentado uma equipa que, em altíssima percentagem, pode estar no Mundial de 2022, possuem um plantel notável e contam com terceiras e quartas gerações de afrodescendentes que lhes garantem o melhor dos genes africanos e a cultura tática e preparação físico-atlética europeia.

Os arredores de Paris são, hoje em dia, um centro de formação de talentos que pode influenciar a história do futebol europeu. Se a este fator juntarmos o crescente investimento, quer nos clubes, quer no produto televisivo, temos condições para acreditar que a França vai manter-se no top do futebol à escala global. E, porque as coisas estão  a mudar, ninguém pode adormecer à sombra dos louros con- quistados. Senão vejamos: a Itália, campeã do mundo em 2006, falhou a qualificação para a Rússia, o mesmo acontecendo à Holanda, finalista em 2010 e terceira classificada em 2014. Já a Alemanha, vencedora há quatro anos no Brasil, não passou da fase de grupos, ficando atrás de Suécia, México e Coreia do Sul.

Portugal, que dispõe de uma boa geração e tem outros valores seguros a caminho, vai permanecendo numa segunda linha, à imagem da Bélgica e da Croácia, que lhe permite sonhar com um título. Há dois anos tivemos o alinhamento astral certo para tocarmos as estrelas; na Rússia as coisas podiam ter corrido melhor, especialmente se ficássemos no lado certo da grelha. Mas a próxima tarefa de Fernando Santos será encontrar uma defesa que esteja à altura das responsabilidades e ambições lusas.

Mais duas notas (além do déjà-vu do presidente da FIFA a dizer que este foi o melhor torneio de sempre), a primeira para o VAR, irrepreensível nas ações de fora de jogo e no local exato das faltas. O resto, não tem a ver com a tecnologia, mas com o critério de cada árbitro. Uma coisa é certa, foi o Mundial com menos casos.

Finalmente, a decisão da FIFA de impedir os realizadores de mostrarem caras bonitas nas bancadas: quando jogar a Inglaterra, Meghan Markle vai dar o lugar a Camilla Parker Bowles, e já ontem a madame Macron foi mais vista que Kolinda da Croácia...