O esforço!

OPINIÃO09.10.202004:00

SOU há muito tempo fã incondicional de LeBron James, muito provavelmente o melhor jogador da NBA depois de Michael Jordan, e, por isso mesmo, naturalmente, um dos melhores de sempre.
Nunca me importou muito saber se LeBron ganha ou perde, porque sempre soube que perderia e ganharia, desde que soubesse perder - como perdeu nos últimos anos (2015, 2017 e 2018) para essa fantástica equipa de Stephen Curry nos Golden State Warriors - e soubesse ganhar, como soube, quando defendeu e conduziu Heat (2012 e 2013) e Cavaliers (2016) aos títulos do mais espetacular basquetebol do mundo.
Perder e ganhar faz parte da vida de qualquer atleta, faz, aliás, parte da própria vida, sabendo que apenas saberá ganhar quem souber perder e sabendo que só a vontade e a determinação de vencer fará campeões e que só eles conseguem sair mais fortes de cada insucesso.
O que sempre admirei em LeBron tem muito a ver com o que sempre admirei em Cristiano Ronaldo, por exemplo, e com ambos parece que foi sempre a força interior que os levou ao topo, aliada ao talento, evidentemente, e à estrutura atlética, essa impressionante força física que colocam em cada jogo e que os tornam verdadeiros monstros do desporto mundial.
O que sempre admirei nos dois tem muito a ver com a atitude com que se olha para o que se faz, para a paixão que se tem, para o modo como se encara cada desafio, para o espírito de sacrifício e de luta, para a força de vontade e determinação de superar mesmo aquele que parece o obstáculo mais difícil. Tal como sucede com Cristiano Ronaldo no futebol, também na NBA há quem olhe para LeBron James como o jogador mentalmente mais forte de entre todos os campeões que vão desfilando, ano após ano, pelo palco de um espetáculo realmente impressionante!
LeBron está pela 10.ª vez nas finais da NBA e joga esta sexta-feira a possibilidade de conquistar o quarto título. Os LA Lakers vencem os Miami Heat por 3-1 e, esta noite, o quarto triunfo volta a colocar de forma perfeita The King no seu verdadeiro lugar.

LEBRON e Cristiano Ronaldo têm ambos 35 anos, embora um tenha nascido em 1984, em dezembro, e a planetária estrela portuguesa em 1985, mas apenas dois meses depois, em fevereiro. Têm ambos carreiras recheadas de recordes e com muitos outros pontos em comum. Viveram em 2007, por exemplo, o primeiro grande momento nas carreiras, os dois com 22 anos, LeBron chegando, pelos Cavaliers, à primeira final da NBA, e Cristiano, pelo Man. United, ao primeiro título de campeão da Premier League.
Mas se os recordes de Ronaldo são mais do que conhecidos, em particular dos fãs portugueses e europeus, os de LeBron nem tanto, sobretudo para todos os que, como eu, não acompanham a NBA com o rigor e a dedicação de um autêntico apaixonado.
Para esses, nada como sublinhar que LeBron acaba, pois, de atingir, como já referi, mais uma final da competição, a 10.ª na carreira, e imagine-se que apenas três equipas - Golden State Warriors (11), Boston Celtics (21) e os próprios Lakers (32) - têm mais finais do que LeBron.
The King tem, assim, mais finais do que 27 equipas da NBA, e mais do que ele, só dois jogadores de há muitas décadas, Sam Jones (11) e Bill Russell (12). O bem mais conhecido Kareem Abdul-Jabbar tem as mesmas dez de LeBron, com a diferença (nada insignificante) de LeBron ter atingido as dez por três equipas e Abdul-Jabbar por apenas duas.

CRISTIANO também tem títulos por três equipas, ainda por cima, em três países. Soma, até ver, cinco Ligas dos Campeões, cinco Bolas de Ouro, quatro Botas de Ouro, um extraordinário título de campeão europeu por Portugal, e os fanáticos das estatísticas atribuem-lhe já, no total da carreira profissional, mais de mil jogos, qualquer coisa como mais de 740 golos e mais de 260 assistências. Como LeBron, também CR7 está, mais coisa menos coisa, há quase 15 anos no topo. Sempre no topo! LeBron pode, ainda, tornar-se no primeiro jogador na história da NBA a vencer o prémio MVP (melhor jogador) das finais por três equipas -  apenas outros dois jogadores conseguiram fazê-lo com duas equipas diferentes, Kareem Abdul-Jabbar (Bucks e Lakers) e Kawhi Leonard (Spurs e Raptors) - e pode ainda King James, como os incondicionais gostam de o tratar, tornar-se apenas o terceiro jogador na história a ser campeão com as tais três equipas diferentes. Juntar-se-á então a John Salley (Pistons, Bulls, Lakers) e Robert Horry (Rockets, Spurs, Lakers).
Todos estes dados servem apenas para dar dimensão ao que fizeram e continuam a fazer aos 35 anos atletas notáveis como LeBron James e Cristiano Ronaldo - avaliando todos os fatores, carreira, títulos, imagem, impacto e popularidade, talvez as duas maiores estrelas do universo desportivo da atualidade.
Sou fã de ambos praticamente desde que me lembro de os acompanhar, e sempre lhes admirei a tal impressionante força mental com que se desafiaram a eles próprios, com a fome de competir e a determinação de vencer (como ainda agora vimos em Cristiano, pela Seleção, frente à Espanha), que serve de inspiração para as novas gerações, porque poderemos estar certos que tanto LeBron como Cristiano mudaram muito o desporto de competição.
Muito une estes dois excecionais campeões, mas também alguma coisa os diferencia, desde logo, ao contrário de LeBron, ter Cristiano Ronaldo conseguido ser tão grande saindo de um país tão pequeno. Admiremos mais ou menos Cristiano, isso é algo de que nunca poderemos esquecer-nos sempre que olharmos para ele!

A desastrosa gestão financeira e desportiva do FC Porto nos últimos anos só foi realmente compensada pelo notável trabalho que Sérgio Conceição e jogadores conseguiram desde que o antigo jogador azul e branco tomou, há três anos, conta da equipa. Dois títulos de campeão e uns quartos de final da Liga dos Campeões em 2017, sem que lhe fosse possível fazer grandes contratações e com o clube a contar os tostões nos poucos investimentos, e a perder, ainda por cima sem retorno, jogadores como Brahimi ou Herrera, já para não falar dos maus negócios em casos como o de Ivan Marcano (saída a custo zero e recompra por 3 milhões), ou o mais recente de Zé Luís (venda, apenas um ano depois, por menos de metade do que custou…), já para não falar do que acabou por suceder com Alex Telles (transferido a preço de autêntico saldo por estar em ano final de contrato) ou Danilo (o capitão que chegou a viver conflito com o treinador e com o qual talvez as coisas nunca tenham ficado realmente bem resolvidas…)!
Com as contratações (no mercado interno) mais ou menos bem definidas e os empréstimos mais ou menos bem decididos (Grujic e Felipe Anderson são jogadas de se lhes tirar algum chapéu…) aposto que Sérgio Conceição voltará a manter o FC Porto na linha de equipa altamente competitiva, para atacar muito a sério qualquer que seja o desafio.
Só é preciso não esquecer a máxima, segundo a qual, os campeões se fazem ganhando os jogos que jogam mal.

VERDADEIRAMENTE, não faço a menor ideia se pode considerar-se o Benfica um clube rico, provavelmente não, apesar da saúde financeira que vem revelando nos últimos anos e apesar dos extraordinários negócios que vem conseguindo fazer, ao ponto de no ano em que mais gasta em aquisições, quase 100 milhões de euros, também acabar por garantir quase 75 milhões em vendas, e, obviamente, não contando com os sempre significativos 45 milhões de euros de cláusula de compra se o Tottenham vier a querer contratar Vinícius, pelo qual os encarnados faturam já três milhões de taxa de empréstimo.
Com todo o ruído que sempre se faz à volta do Benfica, creio que só poderá o clube queixar-se realmente de sua própria grandeza. Porque apesar de tudo o que sempre pode ser suscetível de crítica (e tudo pode e deve ser suscetível de crítica, negativa ou positiva), o que também se sabe é que, mesmo não podendo ser considerado um clube rico (como poderia um clube português ser considerado rico?!...), não há notícia de o Benfica não honrar os seus compromissos, não pagar as suas prestações, não liquidar os seus empréstimos obrigacionistas ou não apresentar lucros nas suas contas - e apresenta-os há sete anos consecutivos.
E nesses sete anos, apesar de todos os erros que justificada ou injustificadamente se apontam ao clube, o Benfica foi cinco vezes campeão nacional, e é bem possível, se as contas não nos atraiçoam, que tenha faturado, só com a venda de jogadores oriundos do Seixal, mais de 400 milhões de euros. Pobre Benfica!...

PS: Nenhum dos regressos de jogadores à nossa Liga terá, certamente, o impacto que promete ter João Mário na jovem equipa do Sporting. Notável jogador e enorme a expectativa!