O corte imediato com o ‘vieirismo’
O Benfica quer cortar definitivamente com Vieira, mas o momento pode ser perigoso
V IEIRA autossuspendeu-se, mas ainda é o presidente. Rui Costa autoproclamou-se. Fê-lo numa cerimónia em que não participou toda a Direção, mas, semântica ou não à parte, será presidente-substituto e não presidente. Vieira está proibido de contactar todos na SAD exceto o filho, mas pode falar com qualquer outra pessoa incluindo Jesus ou os jogadores. O antigo futebolista, nomeado líder pelos pares, detém o poder numa altura em que o presidente autossuspenso pode, se quiser, funcionar como contrapoder. O que seria cisão incomportável no clube.
Do primeiro comunicado já transparecia um afastamento de Vieira, e Rui Costa acentuou a rotura ao não pronunciar uma vez o seu nome. A constituição do clube como assistente no processo, tendo garantido esse direito ao ser potencial lesado, sublinha a separação. O Benfica, através de Rui Costa, quer romper definitivamente com Vieira, mas o momento, que emerge de uma suspensão e não de uma renúncia, é perigoso.
Sublinhe-se aqui a presunção obrigatória da inocência até prova em contrário - embora sejam, há muito, demasiados fogos para o dirigente apagar, estranhamente não sancionados pelos sócios nas eleições - e desde logo também muita gente de valências duvidosas a saltar da sombra para aproveitar o momento. Contudo, tanto o empréstimo obrigacionista como a presença obrigatória na Liga dos Campeões forçaram Rui Costa a saltar para a frente, para estabilizar o clube antes de proporcionar-se algum tipo de mudança. E bem!
Não faltará quem lembre a obra de Vieira - a exemplo do que já aconteceu com alguns políticos recentemente -, mas as notícias da OPA e da venda de 25% de ações a investidor norte-americano deixam, para já, a imagem de que terá sido um meio para se chegar a um fim neste autoproclamado último mandato.