Nos princípios não há cedências

OPINIÃO18.10.201904:03

Nestas últimas semanas uma série de acontecimentos, e decisões, foram marcantes para o futebol, a nível interno e externo. Em Teerão, e depois de muita pressão externa, as mulheres entraram num estádio para assistir ao Irão-Camboja. A imprensa apelidou o momento de histórico. Num outro plano, durante um jogo de futebol feminino na Ásia, quando uma jogadora sente o hijab, o lenço que lhe cobre o cabelo, a cair, as adversárias, que estavam próximas, fizeram um círculo para que ela pudesse arranjar o lenço, não dando importância à continuação do jogo.

Na Europa, durante partida de apuramento para o respectivo campeonato de selecções, Bulgária-Inglaterra, os insultos racistas dos adeptos provocaram duas paragens no jogo. Em Portugal, a decisão do Tribunal da Relação em considerar normal linguagem ofensiva, utilizada entre um delegado e um treinador, defendendo que comportamentos reveladores de baixeza moral são de alguma forma tolerados no futebol e que as ofensas não atingiram patamar de obscenidade e grosseria excessivo, marcou a semana.  As palavras não colocaram em causa o carácter, bom nome ou reputação do insultado, diz o Tribunal.

Ao afirmar que no futebol este tipo de comportamentos são tolerados, mesmo que reveladores de falta de educação e de baixeza moral, e assim contra as regras da ética desportiva, está-se a abrir precedente grave. Torna-se difícil educar os jovens jogadores se é permitido ter este tipo de comportamento.  Ainda bem que a justiça desportiva, em sede de CD, não os permite. Este episódio, considerado normal, e dessa forma aceite num jogo de futebol pela Relação, em nada ajuda o esforço para educar os intervenientes no processo, nomeadamente os pais. Só quem não conhece o problema pode tolerar estes comportamentos.

A tolerância europeia, e principalmente nacional, não pode ceder nos princípios.