Nem tudo o que parece é
As sentenças sobre um Benfica em crise eram, como se previa, precipitadas, tal como as apostas já feitas numa caminhada triunfal do FC Porto. O mesmo se passa hoje. Engana-se quem acha que os encarnados entraram em velocidade de cruzeiro, tal como os que gritam que o motor dos portistas gripou. Nos últimos meses, os dois candidatos andam assim: quando estão bem parecem sempre melhor do que realmente estão. Já quando não estão assim tão bem talvez não estejam tão mal quanto parecem.
Depois da melhor exibição da época, os adeptos encarnados verão o copo praticamente cheio. Só que Lage encontrará motivos para analisar friamente a parte que faltou encher, o quarto de hora em que não conseguiu condicionar a construção do Rio Ave, por força de uma malha de pressão deficiente, logo atrás dos dois avançados. São apenas 15 minutos, mas uma eternidade para a equipa de Carvalhal criar oportunidades suficientes para fazer disparar os níveis de ansiedade nos adversários.
Debate-se muito a forma como Conceição se expressou nos Barreiros que se esquece o conteúdo. Mesmo com as características próprias do futebol arquitetado pelo treinador portista - direto, pressionante e a atacar as segundas bolas, e explosivo nas transições e no assalto ao arco contrário - a realidade é que os dragões produziram muito pouco e mostraram ideias a menos. Aos sinais na Europa - Krasnodar primeiro, depois Feyenoord e Rangers - junta-se agora a perda de liderança na Liga, sem consequências graves, mas com sintomas a necessitar de controlo.
P.S. Rápidas melhoras a André Gomes! Não há nada pior para um jogador do que uma lesão que o afaste muito tempo daquilo que gosta de fazer. Que regresse depressa e nos volte a encantar com o seu futebol altruísta e de processos simples.