Nem tudo era ouro, nem tudo é lata...

OPINIÃO26.08.201904:00

Á uma semana, neste mesmo espaço, escrevi que o FC Porto jogava na Luz mais do que três pontos, porque precisava de dar sinais, essencialmente aos seus adeptos, de ter ultrapassado, futebolisticamente (financeiramente são outras contas, mais complicadas...) os danos do duplo desastre Gil Vicente/Krasnodar. A resposta não podia ter sido mais enfática, vencendo e convencendo no reduto do campeão nacional, numa tarde em que o FC Porto abordou o desafio com a convicção de quem decidiu tomar o destino nas próprias mãos.

Do ponto de vista das escolhas de Sérgio Conceição, que acertou em cheio no guarda-redes, a articulação Corona/Marega na direita é muito interessante e a chamada à titularidade de Romário Baró representa uma excelente notícia não só para os dragões, mas também para o futebol português. Outros problemas, num plantel de escassa profundidade, serão colocados ao treinador ao longo de uma época de múltiplas competições. Para já, Sérgio Conceição conseguiu tirar o FC Porto do buraco onde tinha caído e gritou bem alto que há que contar com a sua equipa nas contas do título.

Já Bruno Lage terá muito em que pensar, depois do desaire de sábado. Por exemplo, e para lá do desacerto no passe de jogadores habitualmente fiáveis como Ferro, Grimaldo, Pizzi e Rafa, três situações devem merecer a atenção do treinador encarnado: o regresso de André Almeida à direita da defesa só pecará por tardio; a ligação meio-campo/ataque feita por Raul de Tomas está a anos-luz da eficácia conseguida, em missão semelhante, quer por João Félix, quer por Jonas; e, last but not least, apesar da indisponibilidade de Gedson e Gabriel (a que pode juntar-se Samaris), não será despropositado o Benfica aproveitar os dias que faltam até ao fecho do mercado para encontrar um reforço para o duplo-pivot de meio-campo.

Consumada a derrota frente ao FC Porto, que atuou na Luz em modo de Liga dos Campeões, a dúvida que passou a pairar sobre os encarnados reporta-se ao estado de prontidão para enfrentar os desafios da Champions, nomeadamente no processo de transição defensiva, que se mostrou muito débil.

Valerá a Lage a tranquilidade com que encarou a fantástica série de sucessos do Benfica. Só com essa serenidade chegará às boas soluções para o que vem a seguir.