Nem todos começam zero a zero

TODOS os jogos começam zero a zero. Menos os do Sporting. Os leões entram em campo sempre a perder por 0-1. E a razão é simples: já sabem que, mais tarde ou mais cedo, a bola entra na baliza de Renan. Sofreram golos em nove das dez jornadas já realizadas (só na vitória nas Aves por 1-0, a baliza ficou inviolada) e pior, neste aspeto, só o último classificado: o Aves sofreu golos em todas as jornadas.

QUASE todos os jogos da Liga começam com o Sporting em desvantagem, mas não é de agora. Cada vez é pior. Na época passada, por exemplo, sofreu golos em 70,6% dos jogos da Liga. Em 2017/2018, em 50%. Agora, vai em 90%. Não é, porém, um problema exclusivo dos defesas. Marcel Keizer, Leonel Pontes e Jorge Silas utilizaram, até agora, oito: Coates, Mathieu, Acuña, Rosier, Neto, Borja, Thierry Correia, Tiago Ilori e Ristovski. Quase todos são internacionais pelos respetivos países. O problema não é, pois, individual. Tem de ser coletivo. Talvez seja da forma como o Sporting (não) defende. É uma tremenda dor de cabeça para qualquer treinador.

SE os jogos do Sporting na Liga começam, quase todos, com os seus adversários em vantagem no marcador, torna-se complicadíssimo os leões sonharem com o título. É, aliás, quase impossível. Um campeão tem de ter uma defesa à prova de betão. Sofrer golos, sim, mas a conta-gotas. Como se a defesa fosse uma ampulheta, em que o que passa passa devagarinho. Na última década e meia, por exemplo, apenas dois campeões sofreram golos em mais de metade dos jogos da Liga: Benfica 2018/2019 e Benfica 2004/2005. Ambos campeões atípicos, como se sabe. O primeiro talvez fruto da vertigem em que se tornou o seu futebol com a entrada de Bruno Lage, mais exposto, assim, a golpes do adversário; o segundo, com Trapattoni, com apenas 65 pontos em 34 jornadas, tudo niveladinho por baixo. O Sporting está agora a dez pontos do líder Benfica, com menos sete golos marcados e, sobretudo, com mais nove sofridos. É, pois, claro que não será campeão. Nem muito provavelmente segundo. Fora da Taça de Portugal e quase fora da Taça da Liga, o melhor é concentrar forças na Liga Europa. Ou na próxima época.

HÁ jogos em Inglaterra que deviam começar zero a zero e terminar zero a zero. O árbitro apitava para o início e, logo de seguida, para o seu final. É o caso do Everton-Tottenham. Dá pena ver o tremendo esgar de dor de André Gomes e não menos pena dá o choro convulsivo do sul-coreano Son.