Não é já tempo de se entenderem?
A festa da Taça de Portugal marcou o fim de uma época cheia de picardias que não engrandeceram o futebol português. Haverá alguma razão que nos leve a pensar que a temporada que aí vem será diferente, para melhor? Os sinais não são muito animadores e os clubes não parecem preparados para desmobilizar os franco-atiradores que, entre os jogos, incendeiam o ambiente. Sendo verdade que no discurso de Bruno Lage e na forma elevada como Frederico Varandas esteve na Tribuna do Jamor, podem ser vistos alguns sinais de esperança, fará falta que mais protagonistas se juntem à causa, aceitando que em cada fim de época só pode haver um campeão.
É certo que nunca, como agora, no futebol português, houve tanta necessidade de conquistar o título, não só pela honra, mas também pelo acesso a uma plataforma milionária que dá pelo nome de Champions. Para quem fica de fora desses milhões, torna-se difícil encontrar argumentos para competir ao mesmo nível de quem participa, e daí à radicalização do discurso e demais desproporções, vai apenas um pequeno passo.
Também por tudo isto, é urgente acelerar, entre nós, o processo de centralização dos direitos televisivos, forma usada em toda a Europa e garante de um rendimento mínimo capaz de promover algum equilíbrio na competição.
Na atual fórmula, os clubes que menos recebem em Portugal, arrecadam menos dez vezes do que os emblemas em iguais circunstâncias em Espanha e menos vinte e cinco vezes que os mais mal pagos na Premier League.
Em vez de se andarem a ofender, diretamente ou por interpostas pessoas, os clubes nacionais deviam era encontrar plataformas de entendimento que criassem um coletivo forte, que pudesse alavancar uma indústria que é tratada, se calhar por ser do futebol, ao pontapé. Não é a primeira vez que, neste espaço, lanço um apelo ao bom senso e à racionalidade. Até agora, foi como se estivesse a pregar aos peixes. Mas chegará o dia em que a situação irá estar de tal forma degradada que não haverá alternativa ao entendimento. Mas, quando isso acontecer, corremos o seríssimo risco de ser tarde demais. Até parece que não estamos na antecâmara de mudanças muito profundas nos quadros competitivos da UEFA, onde corremos o risco de não ter lugar em nenhuma das carruagens da primeira classe. Acreditem, que é verdade!