Mozart e Salieri

OPINIÃO07.06.201904:00

‘Mala suerte’

Épacificamente reconhecida a credibilidade da política desportiva do Sevilha, em particular durante o consulado de Monchi como seu director desportivo. Entretanto, este trocou a equipa andaluza pela Roma, onde não logrou o sucesso almejado. E por isso está de volta à agremiação sevilhana. Mas há indícios óbvios de que as coisas não podem vir a correr da melhor forma. Tais indícios têm nome: Julen Lopetegui é o novo timoneiro.

Boa sorte

Mário Silva, o treinador que levou o FC Porto à conquista da Youth League e do Campeonato Nacional de Juniores A, solicitou a rescisão do seu contrato com o clube do Dragão. Não se conhecem ainda, oficialmente, as causas e os fundamentos de tão surpreende pedido. Que, afinal, vendo bem as coisas, talvez não seja mesmo assim tão surpreende. Diz-se que o técnico aspira a prosseguir a sua carreira numa equipa profissional, dando assim por concluído o ciclo da formação. Mas não é precisamente esse o caminho natural para quem queira fazer uma carreira sustentada no mérito próprio? É que nem todos podem ser levados ao colo ou às cavalitas… além de que, ao fim de um tempo, não é necessário ser-se Mozart para não mais conseguir suportar alguns Salieris desta vida. E não foi seguramente ele, mas um desses tais, o autor da dispensa de João Félix. Salieri esse que até ao momento permanece escondido sob o anonimato. Posto isto, só posso, enquanto adepto portista, agradecer a Mário Silva o trabalho desenvolvido na casa azul e branca e desejar-lhe muito boa sorte para o futuro. Porque a merece. 

O futebol e as outras

No princípio era o futebol e as modalidades ditas amadoras. Entretanto, as principais de entre estas muito rapidamente deixaram de o ser. Até se chegar a um ponto em que se tornaram tão profissionais quanto o futebol. Por outro lado, hoje em dia um clube verdadeiramente de topo já não é mais - ou não deve ser - compaginável com amadorismos ou voluntarismos de qualquer natureza. A ideia mirífica de que se pode ser bom em tudo não passa disso mesmo: um devaneio ilusório. E caro, muito caro. De tal modo que nem os clubes mais ricos do mundo perseguem tal utopia. Assim, e porque os recursos (i) não são infinitos, (ii) não gozam de elasticidade e (iii) e são desprovidos do dom da ubiquidade, impõe-se uma escolha estratégica: deve um clube de futebol eleger como complementar da sua actividade principal alguma outra modalidade colectiva? No caso de resposta positiva, qual ou quais? Bom, não há uma resposta única e unívoca, existindo vários modelos viáveis. Desde o mono-futebol, tipicamente comum aos emblemas ingleses, até ao extraordinário e superlativo ecletismo do Barcelona, que numa mesma época chega a disputar os títulos europeus - europeus, repete-se, não da Catalunha - em futebol, basquetebol, andebol e hóquei em patins (tanto quanto me consigo recordar só lhes falta o voleibol…). Dito isto, a solução que se afigura como sendo a mais racional traduz-se na fórmula Futebol + 1. São disso exemplos paradigmáticos o Real Madrid (futebol + basquetebol) ou o PSG (futebol + andebol). Qual a melhor solução institucional e desportiva para o FUTEBOL Clube do Porto? Vejamos. À partida temos uma situação em linha com a adoptada pelos catalães, ou seja, 1+3 (andebol, basquetebol e hóquei em patins, pois que já há muito abdicara do voleibol).Tendo de se reconhecer que épocas há em que pode até reclamar o título de campeão de todas elas (aliás, ainda este ano recuperou os ceptros do andebol e do hóquei, só claudicando no basquetebol, eliminado pelo Benfica nas meias-finais). Voltando ao cerne da questão: se é para haver alguma outra modalidade profissional que acompanhe o futebol, então só é admissível uma que partilhe da medida de ambição e de idêntico nível de exigência. Temos então que: a) o hóquei não só não é uma modalidade olímpica como a sua prática nem sequer ultrapassa algumas regiões de alguns poucos países; b) pensar que na próxima década o basquetebol português poderá estar, vá lá, numa segunda linha europeia, seria indicador de uma inocência pueril; c) já o andebol portista, esse sim, preenche os requisitos necessários  para ser a outra cara da moeda que tem o futebol como coroa.

Oliveira de patins até ao cesto

Oactual campeão nacional de basquetebol é a União Desportiva Oliveirense. Agora essa equipa está de novo na final dos play-offs, a disputar à melhor de cinco com o Benfica.
No que respeita ao hóquei, o mesmo clube acabou de se sagrar vencedor da Taça de Portugal, curiosamente também frente ao Benfica, feito esse que se seguiu ao terceiro lugar no campeonato nacional (atrás do FC Porto e do Sporting, mas à frente do Benfica).
Já quanto ao futebol, o 11.º lugar na Liga 2 não corresponde, obviamente, ao nível de excelência provado naquelas modalidades. O que faz deste clube, a três anos de completar o primeiro centenário, um caso raro - e talvez mesmo único a nível mundial. Ou seja, um clube periférico que se situa no topo nacional em duas distintas modalidades, orbitando o futebol num universo menor. Enfim, o que dizer mais destas oliveiras que saltam de patins e sticks para as tabelas que suportam os aros metálicos com os cestos à altura exacta de 3 metros e 5 centímetros acima do chão? 

Entrevista Imaginária

- Porque é que os campos não têm todos as mesmas dimensões?
- Como assim? A sério?  Agora que diz isso estou a recordar-me de alguns em que, de facto, era mais difícil estacionar o autocarro…
- Porque é que os treinadores são todos tratados por Mister?
- Como assim? Haveriam de ser chamados Miss, não?