Monstros e monstrinhos
800 golos é muito golo! 21 anos e já tão grande! 1000 jogos é muito jogo! Tanta rotação nas pernas! Golaço, golaço, golaço! Consistência de RS!
MONSTRO 1. Inimaginável marcar 788 golos como futebolista de alto nível. Se alguém marcar 20 golos (número bem razoável) consecutivamente em 20 anos de carreira, chegará aos 400 golos. Se marcar 25 (número muito bom!), chegará aos 500. Se marcar 30 (fantástico!!), chegará aos 600. Se marcar 35 (absurdo!!!), chegará aos 700. Se marcar 40 (inimaginável!!!!), atingirá os 800. É o número que CR7 completará, muito em breve, com a camisola do Manchester United ou da Seleção Nacional. Escolham o adjetivo que quiserem (por ordem alfabética: assombroso; bombástico; celestial; deslumbrante; estonteante; fenomenal; genial; imortal; majestoso; omnipotente; prodigioso; resplandecente; sensacional; transcendental; todo-poderoso; único) ou um que ainda não tenha sido inventado (ronaldíssimo, por exemplo, para utilizar o grau superlativo), que ficará sempre a faltar qualquer coisa para definir o que é marcar quase 800 golos. E é mesmo isso que Ronaldo é: indefinível.
MONSTRO 2. Inesquecível a exibição de Diogo Costa no clássico de Alvalade. No frente a frente com Nuno Santos, duas defesas absurdas, quase-quase evitando o golo leonino e, por fim, desviando pela linha de fundo o balão de cabeça de Paulinho. Não é apenas um grande guarda-redes, é um grande guarda-redes de equipa grande. Diogo Costa tem, como o meu camarada Pascoal Sousa ontem relembrou, na apreciação à equipa do FC Porto, o 99 nas costas. Número de enormíssimo simbolismo entre os dragões, pois foi o utilizado por Vítor Baía após regressar de Barcelona. Não se sabe ainda onde chegará a carreira de Diogo Costa. Sabe-se que tem tudo para chegar muito longe. Não é fácil defender a baliza do FC Porto, mais complicado é defendê-la com tão-somente 20 anos. Há 23 anos, em Guimarães, Vítor Baía (18 anos!) aproveitou muito bem a lesão de Jozef Mlynarczyk para começar a ganhar a baliza do FC Porto. Agora, com o problema físico de Agustín Marchesín, chegou a vez de Diogo Costa. Na Seleção Nacional, Rui Patrício está para lavar e durar, mas Diogo Costa já está à espreita e merece ser internacional A a curtíssimo prazo. Foram poucos os grandes guarda-redes portugueses que chegaram à SN abaixo dos 22 anos: Vítor Baía, Vítor Damas e Carlos Gomes, todos com 21, foram os únicos. Em breve, a não ser que algo de absurdo aconteça, haverá quatro: Diogo Meireles Costa.
MONSTRO 3. José Mourinho é um furacão que apareceu no futebol português há quase 30 anos. Primeiro, em 1992/1993, na versão brisa. Era treinador-adjunto de Bobby Robson (e não apenas intérprete) no ano e meio em que o treinador inglês esteve no Sporting. Era trabalhador, irreverente e brincalhão, mas não se adivinhava carreira futura de tão grande nível. Mais tarde, no FC Porto e no Barcelona, sempre ao lado de Robson, começou a ganhar cada vez mais protagonismo e tornou-se vento forte. A seguir, ainda nos catalães, mas já com Louis van Gaal, apareceu ainda mais, espécie de ventania. Finalmente, em setembro de 2000, apareceu o Benfica na estreia como treinador principal. Depois, Leiria, FC Porto, Chelsea, Inter, Real Madrid, Chelsea, Manchester United, Tottenham e agora Roma. Pelo meio, 25 (!) troféus e sempre a subir na escala de Beaufort: ventania forte, tempestade, tempestade violenta e, por fim, furacão. Ninguém dê Mourinho por acabado, apesar de quatro épocas sem títulos. Pelo meio do furacão, há um gato que ainda tem algumas vidas por gastar. Talvez as comece a gastar vestido de giallorossi, quando estiver a caminho dos 1050 jogos oficiais.
MONSTRINHOS 4, 5 e 6. Pedro Porro. Primeiro gozaram com ele por causa da apresentaçã oficial em calções rotos. Depois pensou-se que a quase infinita rotação de pernas fosse coisa momentânea. Finalmente viu-se que não. Era ADN. Corre, cruza, defende; corre, cruza, defende. Luis Díaz. Primeiro era o cansaço. Depois o desaparecimento durante 60 minutos do jogo de Alvalade. Finalmente o golo: golaço, golaço, golaço. Rafa Silva. Primeiro era só velocidade. Depois não tinha golo. Finalmente está a ser a mais consistente águia neste início de 2021/2022