Medalhas nossas

OPINIÃO17.06.202107:00

O que As Medalhas de Portugal têm a ver com A BOLA? O que talvez não imagine...

HÁ no jornalista que eu sou uma tentação irresistível, a tentação que se espicaçou em mim descoberta numa ideia de Giovanni Papini:
- O jornal é, de certo modo, o teatro histórico ao domicílio…  
Sim, por querer que o seja é que tenho em fogacho essa irresistível tentação de ser o que sou quase sempre como jornalista: um contador de histórias. Foi o que fiz (de fio a pavio...) no livro que A BOLA já tem nas bancas: Jogos Olímpicos - As Medalhas de Portugal, o livro onde há as histórias que se imaginam e as histórias que talvez nem se imaginem…  Nesse rol das histórias que talvez nem se imaginem há, por exemplo, um cavalo doente que teve de ser alimentado a açúcar e um cavalo de um senhor muito rico que se levantava pela madrugada para o lavar antes dele se pôr a saltar para a medalha. Há uma enfermeira que depois de ter estado na I Guerra Mundial saltou para a direção do COP quando por cá começava a não se querer que houvesse mulheres a fazer o que ela fazia. Há uma medalha que só não foi melhor por causa de um alemão que haveria de morrer num atentado à bomba para que Hitler se salvasse  e ganha por um sueco sem divisas na sua farda ter aparecido numa fotografia. E há (entre tanto mais...) um velejador que foi suspenso por ter denunciado, na crónica que escreveu em A BOLA, coisas piores do que a equipa não ter estado na cerimónia de abertura…
E se há o que se imagina no ouro de Carlos Lopes, de Rosa Mota, de Fernanda Ribeiro ou de Nelson Évora - há, neles, também, o que não se imagina. Neles e, por exemplo (e esse é só mais um dos véus que se levantam) no Francis Obikwelu a viver  em Lisboa, dizendo chamar-se John Smith (como o treinador do Maurice Greene) para fintar polícias e inspetores do SEF, quando, pela Nigéria, diziam à mãe que ele estava morto. São, pois, coisas assim (muitas coisas assim…) que poderá encontrar nesse livro de A BOLA (e do COP) que já tem nas bancas - escrito como se fosse o teatro histórico levado ao domicílio do Papini...