Opinião Mais em vez de menos gases de escape
O ano passado, as emissões de CO2 aumentaram, não diminuíram!
No automóvel, 2020 muito (muitíssimo!) exigente. No início de 2021, após a contabilização das matrículas e a aplicação dos bónus inscritos nas regras europeias, multas para os fabricantes que violem o limite de 95 g/km para a média de emissões de dióxido de carbono (CO2) das frotas de carros novos. Multiplicam-se os anúncios de lançamentos, com elétricos e híbridos na linha da frente para a mudança de paradigma na indústria, com as fórmulas elétricas a substituírem as mecânicas térmicas.
O processo, sabemo-lo, realizar-se-á lentamente. A capacidade das baterias limita a autonomia, o que constitui obstáculo à democratização da tecnologia, tal como os tempos de carregamento ou os preços dos carros, na comparação direta com modelos equivalentes a gasolina e gasóleo… Sem incentivos à compra, duvida-se muito do êxito da missão! Mas, beco sem saída: à falta de alternativas, no imediato, redução das gamas, com eliminação das motorizações (mais) poluentes, para a diminuição do CO2.
Explica-se, assim, o ceticismo da associação europeia de fabricantes (ACEA). Para 2020, estimativa de decréscimo de 2% nas vendas, na comparação com 2019. Confirmando-se, pela 1.ª vez em sete anos, em vez de progresso, registo de retrocesso. As tensões com China e EUA ou o Brexit aumentam as nuvens negras na linha do horizonte…
O ano passado, após o número recorde de vendas em dezembro (crescimento de 31%, na comparação com mesmo mês de 2018), promovido pelas matrículas de última hora, para o escoamento rápido dos modelos com mecânicas (mais) poluentes, de acordo com as regras em vigor desde 1 de janeiro, o mercado europeu acelerou 1,2%, para 15,76 milhões de viaturas. Por isso, contabilizando somente os cinco países de referência no continente (Alemanha, Espanha, França, Itália e Reino Unido), aumento de 1,2 g/km na média das emissões de CO2, para 122,5 gramas.
Contrassenso: os Sport Utility Vehicles (SUV), automóveis maiores, mais pesados e menos eficientes (consomem mais combustíveis e produzem mais gases de escape), são cada vez mais populares na Europa, com quota recorde de 42% em dezembro de 2019 – no mesmo mês de 2014, representaram somente 22% dos registos! Mas, menos mal: paralelamente, 69% de aumento nas matrículas de elétricos e híbridos, para 11% das vendas, com os primeiros à frente dos segundos, o que aconteceu pela primeira vez. Ainda assim, muito mais ceticismo do que otimismo.