Mais do mesmo, para não variar...

OPINIÃO08.06.202004:00

AFINAL de contas, o lugar de presidente da Liga de Clubes é mais importante do que aquilo que andámos a pintar durante as últimas semanas. Se não fosse assim, não teríamos visto os ataques dos últimos dias e as tentativas de colocar fora de hipótese alguns putativos candidatos à sucessão de Pedro Proença. Infelizmente, o que retiramos de tudo isto é que nada mudou, e nem as circunstâncias dramáticas em que os clubes se encontram foram suficientemente fortes para que se alterassem comportamentos e se definissem novos padrões. Causa perdida...

A primeira jornada à porta fechada da I Liga, que marcou o regresso do futebol, não revelou uma tendência definida de resultados (ao contrário do que está a suceder na Bundesliga, onde as vitórias fora de casa subiram exponencialmente), embora seja significativo verificar que os quatro primeiros da tabela não conseguiram ganhar, o que é uma raridade numa I Liga desequilibrada como a nossa. Mas, aquilo que tem estado patente é a falta de personalidade dominadora dos principais clubes, neste contexto tão especial como é jogar-se com bancadas vazias.

O ataque à equipa do Benfica, realizado em duas fases, uma no autocarro, outra no domicílio dos jogadores, revela a premeditação de quem o levou a cabo. Em cima do acontecimento, ninguém seria capaz de improvisar tão bem, executando um plano multidisciplinar complexo, com diversas frentes de ação. Também não se compreende, fora de uma quadro de frio planeamento prévio, que a seco, após três meses de paragem, logo à primeira perda de pontos surgisse um sismo desta magnitude. Não, isto traz água no bico. Da águia...

É preciso, de uma vez por todas, regulamentar as claques e fazer cumprir as regras. Barcelona e Real Madrid tinham grupos organizados de adeptos que se notabilizavam pela violência e davam mau nome aos clubes. Com coragem, os catalães acabaram com os perigosos Boixos Nois e os madridista extinguiram os Ultra Sur. Se calhar, o exemplo dos merengues é mais justo e mais fácil de replicar, porque foram capazes de criar uma nova claque, que apoia a equipa e se integra no espetáculo, sem ofensas nem violência. Por cá, ninguém parece interessado.