Jornalismo ameaçado!...

OPINIÃO04.09.202107:00

Seria bom que Fábio Veríssimo transformasse a frustração do Bessa num mínimo de vergonha e algum pudor

NASCI, licenciei-me em direito e fiz o serviço militar no tempo do Portugal Amordaçado do eterno defensor da democracia Mário Soares. Nasci e vivi 27 anos sem liberdade de expressão e opinião, o tempo da censura e do seu lápis azul, que riscou palavras e frases, mas não mudou as consciências dos homens livres. O 25 de Abril de 1974 trouxe aos jornalistas a possibilidade de exprimirem livremente o seu pensamento, independentemente daqueles que já antes não curvavam a espinha ao autoritarismo. Uma imprensa livre é um factor fundamental no crescimento e consolidação da democracia, e muitos jornalistas, incluindo os desta casa, morreram com a consciência tranquila de que fizeram muito pela consolidação desse jornalismo independente e a esperança de que as gerações que se seguiram não deixariam de continuar esse trabalho pela democracia em tempos muito diferentes daqueles em que viveram!
O jornalismo, sobretudo o escrito, vive tempos muito difíceis e as razões não são apenas económicas - mas também são económicas - antes resultando das muitas televisões e rádios, de mais fácil acesso, e meios electrónicos de divulgação da opinião, que não raras vezes se converte em manipulação. Mas, para mim, o principal problema, que muito me preocupa, pelo que significa, é a diminuição da qualidade dos profissionais da comunicação social, que, segundo o principio de que se não podes com eles junta-te a eles, enveredam pelo mesmo caminho das redes sociais e pela cartilhice política e desportiva, mandando às malvas o rigor e a verdade.
Vem isto a propósito da insistência com que cartilheiros e pretensos jornalistas afirmam que João Mário trocou o Sporting pelo Benfica só para dar uma pequena vitória ao rival da 2.ª Circular. Para os que não são completamente ignorantes do que significa trocar, perceberão que João Mário não trocou o Sporting pelo Benfica, como Ronaldo não trocou o Sporting pelo Manchester United. Ronaldo era jogador da Juventus e o Sporting não tinha capacidade financeira para sequer desejar ter Ronaldo de volta já. João Mário era jogador do Inter, ninguém o queria pelo valor que este clube pretendia, incluindo o Sporting Clube de Portugal, e, também não o querendo, deu-o de borla ao Sport Lisboa e Benfica, apesar de este ser um clube muito rico.
Insistir na tese da troca é apenas uma tentativa eivada de má fé de desviar as atenções de uma possível vigarice cujos contornos um dia se esclarecerão. Até lá percebo as dores de quem, com a ilusão de que João Mário trocou o Sporting pelo Benfica, vê Sarabia trocar o Paris Saint-Germain pelo Sporting. Para não falar em Matheus Nunes que trocou a seleção brasileira pela seleção portuguesa, deixando preocupada muita gente não vá também o selecionador fazer uma troca!...
 

«O Sporting jogou mal, é certo, mas, e minha opinião, a equipa sentiu-se condicionada pela actuação do inocente Fábio! 

‘SÁBIO’ VERÍSSIMO

DISSERAM-ME que, quando nasceu, tinha ar de sabichão ou sabidão, de quem se iria armar em ter grandes conhecimentos, que teria a pretensão de saber muito, designadamente, que seria mais esperto que todos os outros. Por esse motivo terá havido quem sugerisse que lhe fosse dado o nome de sabidão ou sabichão, lembrando mesmo que lhe poderia ser dado o nome de Sabichão, tal como o anão da história da Branca de Neve e os Sete Anões. Houve, no entanto, quem de imediato chamasse a atenção que o seu tamanho jamais poderia ser considerado de anão, figura central dos circos brasileiros, independentemente da sua ingenuidade futura se vir ou não a confundir com a da Branca de Neve - personagem principal desse conto de fadas tal como a é a história do Conselho de Arbitragem e da sua irmã gémea APAF!
Como era cedo para se avaliar se viria a ter conhecimentos muito profundos do que quer que seja ou se agiria, quando adulto, com sensatez e prudência, designadamente, aquela de que usou em Famalicão, vieram a considerá-lo sábio, mas no sentido de que, já em pequenino, sabia fazer habilidades!...
Porém, quando do registo na Conservatória do Registo Civil de Peniche, terão os promotores sido informados que esse nome não constaria da lista de nomes possíveis. Assim sendo, foram por ordem alfabética tentando encontrar um nome compatível e só o encontraram quando chegaram à letra F - FÁBIO, que junto com VERÍSSIMO, passou a ser o nome artístico daquela criança, hoje adulta e árbitro de futebol, normalmente mal classificado e, por conseguinte, incompreensivelmente, um árbitro internacional.
Dirão os estimados leitores que estive a inventar sobre a origem do nome dessa personagem da arbitragem portuguesa, e eu direi que é verdade, mas a minha invenção é mais legítima do que as ficcionadas faltas de João Palhinha só para lhe mostrar o cartão amarelo.
Posso admitir que tudo acontece por acaso, como eu acredito que existe o Pai Natal, como posso acreditar em contos de fadas como a Branca de Neve e os sete anões ou histórias da Carochinha, em que o futebol é fértil. Mas também sei que hoje a arbitragem é sábia, face à existência do VAR, e já não ficciona grandes penalidades e outras infracções, ou escamoteia factos, antes se serve cirurgicamente de um cartão amarelo ou de uma falta a meio campo que estão subtraídas à intervenção do VAR!
Como querem que eu acredite na inocência de dois cartões amarelos mostrados pelo Fábio a Palhinha, quando os analistas e críticos da arbitragem, tanto no caso do Bessa (na época passada) e em Famalicão, na semana passada, entenderam que não houve falta, quanto mais justificação para amarelo. Pois é: mas no Bessa era o 5.º amarelo que retirava Palhinha do jogo com o Benfica; em Famalicão, o Sporting jogou mal, é certo, mas, e minha opinião, a equipa sentiu-se condicionada pela actuação do inocente Fábio! Eu compreendo que ele não possa mais esquecer aquele cartão amarelo do Bessa e a frustração que sentiu, mas seria bom que transformasse essa frustração num mínimo de vergonha e algum pudor.
Posso acreditar que a Branca de Neve representasse a bondade na conhecida história. Mas não acredito que o anão Sabichão se possa equiparar ao árbitro em causa. E, seguramente, não é apenas uma questão de altura!...
 

JOÃO GOMES NUNES

NEM sempre subir um degrau na escalada para o topo é sinónimo de alegria. Bem pelo contrário, quando tal subida é na antiguidade e determinada pelo falecimento de alguém que estava à nossa frente. Foi com tristeza que recebi a noticia de que passei a ter o sexto lugar na escala de antiguidade do Grupo Stromp, por força do falecimento de um querido Companheiro e um ilustre dirigente que tinha um currículo glorioso fruto do esforço, dedicação e devoção com que serviu durante muitos anos o  clube que amou e honrou, tal como o Grupo Stromp de que fazia parte desde 1976 - JOÃO GOMES NUNES.
Ligado à construção do antigo Estádio José de Alvalade, por força da sua profissão de engenheiro, foi antes de ser membro do Grupo, Prémio Stromp-Dirigente do Ano, em 1970. Entre os vários cargos que ocupou, foi Vice-Presidente das Actividades Desportivas Amadoras entre 1969 e 1978, sendo da maior relevância a sua ligação ao andebol e ao sucesso deste, e o carinho que todos os atletas que praticaram esta modalidade campeã tinham por ele. Lá estiveram a prestar-lhe a última homenagem e a despedir-se dele até um dia em que todos nos voltaremos encontrar.
Paz à alma deste querido companheiro, que muito debilitado nos últimos anos, fazia um enorme esforço para estar presente nos jantares quinzenais para poder abraçar os seus companheiros e reviver no Grupo tudo o que tem sido a história do nosso clube a que ele fica indelevelmente ligado!
Morreu um campeão! Fica a saudade, mas, sobretudo, um exemplo e uma referência!...