Jesus na rota de Pedro Álvares Cabral
O regresso de JJ ao Benfica foi um erro. Luís Filipe Vieira mediu mal o pulsar da Luz e Jesus não se libertou do seu complexo messiânico...
ESCREVO estas linhas com a autoridade de quem, no tempo certo, colocou, preto no branco: «Se Jesus regressar ao Benfica, isso significa duas coisas: nem o Benfica, nem Jesus, têm vergonha.» Bastava, por um lado, ter memória do que o Benfica disse de Jesus e o que Jesus disse do Benfica; por outro, não era assim tão difícil perceber o sentimento do Terceiro Anel, e concluir que o sucesso do regresso de Jorge Jesus ao Benfica só poderia assentar numa premissa impossível: ganhar sempre. E, no futebol (como na vida), ninguém ganha sempre...
A época desportiva de 2020/2021 foi uma tragédia para o Benfica, por mais que a pandemia tivesse tornado ainda piores muitas coisas já de si más. Porém, o contexto em que a temporada decorreu, sem adeptos nas bancadas, minimizou o impacto negativo e remeteu para 2021/2022 o verdadeiro veredicto dos benfiquistas quanto a Jorge Jesus. Tolerado em momento de vitória - e a época começou em grande, sete vitórias na Liga, acesso garantido à Champions e triunfo enfático sobre o Barcelona - mal os resultados passaram de bons a maus, a casa veio abaixo, e emergiu todo o azedume recalcado.
Se a ligação de Jorge Jesus ao Benfica fosse um casamento, seria um mau casamento, porque só funcionaria nas horas boas, quando se sabe que o cimento que solidifica qualquer união é colocado quando as coisas não correm bem.
Poder-se-á dizer que, até ao fim do mês, com uma final europeia frente ao Dínamo Kiev e dois clássicos com o FC Porto como adversário, o futuro de Jesus na Luz depende do que fizer nesses jogos. Francamente, uma visão minimamente lúcida faz-nos ver que nem assim JJ terá paz e descanso numa casa em que já foi feliz. O ressentimento é muito grande e, creio, estamos perante uma causa perdida que, quanto mais cedo conhecer o epílogo, melhor para todas as partes. Porque, se não for agora, será mais à frente que se dará o desenlace, e tanto o Benfica quanto Jorge Jesus estarão, entretanto, a perder tempo.
Já o disse inúmeras vezes, e repito-o agora para que não subsistam dúvidas, que Jesus é um excelente treinador. Porém, está no sítio errado, onde chegou (pela mão de quem já não está) na hora errada, e isso faz toda a diferença. Por tudo isto, seria normal que Jesus rumasse a paragens onde é desejado, apreciado e, até, venerado.
MATHEUS NUNES
Encheu o campo na Luz e mostrou tratar-se do melhor médio a atuar em Portugal, um box to box moderno, eficaz a atacar e a defender. E Matheus Nunes mostra, a quem estiver mais preocupado em encontrar bons jogadores do que em amealhar comissões chorudas, que ainda há, por cá, muito talento por descobrir…
RUI COSTA/VARANDAS
Os líderes dos dois gigantes de Lisboa passaram a imagem certa aos adeptos, ao decidirem ver, lado a lado, no camarote presidencial da Luz, o dérbi eterno. Naquela imagem, que valeu por mil palavras, ficou plasmado que por mais acesa que a rivalidade seja, há fronteiras civilizacionais que não podem ser derrubadas.
PINTO DA COSTA
Debaixo de fogo, o presidente do FC Porto teve duas intervenções públicas desastrosas, na primeira garantindo que é sério e na segunda exigindo que lhe apresentem comprovativos das alegadas comissões. Ninguém lhe explica que, vendendo fumo desta maneira, apenas faz com que as desconfianças aumentem?