Jesus falhou mesmo o milagre
Não há clube a que assente melhor o título. O Liverpool é a grande equipa da atualidade. É verdade que em Doha houve falhas aqui e ali do lado dos reds, que esperaram demasiado pelo golo, alimentando uma imagem de equilíbrio a que o Flamengo se agarrou, mas a derrota, a acontecer, seria verdadeiro milagre mesmo para Jesus.
O conjunto de Klopp é hoje gigante a todos os níveis, inclusive no mental. Um conjunto tremendamente maduro e confiante, que nunca desespera e se mantém no caminho traçado no matter what.
O golo surgiu, como se esperava, numa transição, a grande arma dos ingleses, não anulada na totalidade pelo Flamengo. O embate foi dividido, mas não tão equilibrado quanto Jesus acredita, nem na estatística. O português preparou bem a partida, tal como antes ao serviço de Benfica e Sporting, mas voltou a ficar curto. Teve mais bola, mais um livre e mais cantos, no entanto conseguiu menos remates, enquadrados e em absoluto, menos bolas nos ferros, enfim menos oportunidades. Os ingleses estiveram sempre mais perto de vencer.
A derrota em Doha não mancha a época extraordinária. Não fecha portas que o português tenha aberto. O ciclo, antes de um Estadual longo e enfadonho, é que terá de ter chegado ao fim. O Mundial de Clubes não vale outro ano no Ninho do Urubu. Não sei o que pensa Jesus ou os italianos nos dias de hoje, mas o Milan continua a fazer sentido.
As portas abriram-se ainda para outros portugueses. Augusto Inácio assinou pelo Avaí, Jesualdo Ferreira está a ser sondado pelo Santos. O Brasil começa finalmente a querer importar competência, mas talvez com demasiada expectativa. É que se Jesus abriu as portas, também elevou a fasquia. Não esperem que todos os portugueses tenham o mesmo impacto que o homem da Amadora. Jesus só há mesmo um.