Jesus à espera de ‘deus’
NOVAMENTE de virada, como na final dos Libertadores, e novamente com uma exibição aquém do esperado (primeira parte cinzentíssima!), o Flamengo de Jorge Jesus venceu a meia final com o Al Hilal e está na final do Mundial de Clubes. 3-1 é um resultado que não permite grandes especulações, mas sempre direi que se o adversário na final for o Liverpool o Flamengo não pode fazer um primeiro tempo tão pobre e encolhido como o de ontem, sob pena de sofrer danos irreparáveis. A meia final confirmou o peso da experiência europeia dos jogadores do Flamengo, mas também a importância da seta Bruno Henriques, o avançado mais rápido do futebol brasileiro, e do suplente Diego Ribas da Cunha (34 anos), cuja clarividência e visão de jogo foram decisivas nos lances do segundo e terceiro golos. É muito graças ao veterano médio que Jesus está neste momento à espera do encontro final com deus Klopp, eleito quase unanimemente o melhor treinador do Mundo em 2019. É a primeira vez que um treinador português chega à final do Mundial de Clubes (Manuel José esteve lá três vezes com os egípcios do Al Ahly e o melhor que conseguiu foi uma meia-final em 2006) e a verdade é que Jorge Jesus (vai para a quarta final internacional, só Mourinho tem mais: seis) está a 90 (ou 120) minutos de uma proeza memorável seja qual for o ângulo de análise.
Saindo vitorioso no próximo sábado - vamos ver se o Liverpool é o outro finalista -Jesus completa um tri fabuloso (campeão brasileiro, sul-americano e mundial no espaço de seis meses) que o colocará, quase certamente, na linha de mira de um grande clube europeu.
Curioso de ver que Liverpool teremos hoje com o Monterrey. Os mexicanos venceram (3-2) nos quartos-de-final o Al-Sadd de Xavi Hernandez com uma exibição trapalhona e carregada de erros defensivos. No Monterrey, orientado por um técnico argentino com boa onda (Antonio Mohamed), jogam dois ex-benfiquistas (Urretavizcaya e Rogelio Funes Mori) e um ex-portista (Miguel Layún). Para mim é muito simples. Se o Liverpool levar a sério este Mundial, isto é: se jogar com o foco da Premier e da Champions, dificilmente o troféu lhe escapa, tão superior é o seu futebol e a categoria dos seus jogadores-chave.
Se não levar a sério, arrisca-se a sofrer uma surpresa desagradável. Lembro que os ingleses, de um modo geral, consideram esta prova uma bizarria da FIFA que só serve para atrapalhar o carregadíssimo calendário natalício. Jurgen Klopp confessou ao site do Liverpool que não conhecia nada do Monterrey e que só viu o jogo dos mexicanos com o Al-Sadd «na viagem de avião para Doha».
Sobre a meia final de hoje elogiou o estilo mexicano, «cheio de paixão», e disse que é um momento «absolutamente interessante» até porque é a primeira vez na carreira que defronta uma equipa da América Central. Mesmo com baixas importantes no meio campo (Fabinho e, possivelmente, Gino Wijnaldum), os reds têm obrigação de marcarem presença na final. Até porque este é o único troféu internacional que lhes falta ganhar. Seria muito estranho ver Mo Salah, Mané, Firmino e Van Dijk jogarem no sábado para os 3.º e 4.º lugares…