Iker: mito criado em vida
Se dúvidas existissem, voltámos todos a dissipá-las durante o dia de ontem. A forma como o mundo susteve a respiração após saber do enfarte de Iker Casillas é demonstrativa da dimensão internacional e respeito planetário que o guarda-redes do FC Porto granjeou ao longo de uma não menos extraordinária carreira. Não há a mínima dúvida de que o guardião de 37 anos pertence a um clube muito restrito: daquele imediatamente abaixo dos melhores jogadores da história do futebol (de Pelé a Maradona, de Messi a Ronaldo), aquele cujas prateleiras estão carregadas de histórias, títulos, memórias. E de outro elemento que ajuda a definir a imortalidade: uma simplicidade desconcertante que contrasta com os excessos que hoje vão sendo regra nas vedetas da bola. Não sei se Casillas voltará a jogar. Se tivesse de apostar, colocaria as fichas no não. Porque não vale a pena correr riscos, porque tem um passado que fala por si, porque já não precisa de provar nada a ninguém. Há mitos que se constroem com a morte; ainda bem que este se construiu em vida.