Hoje é 14 de dezembro. E então?
Há qualquer coisa de diferente neste Sporting. O guarda-redes de barba cerrada, apesar do falhanço em Famalicão, vem impressionando. Max é bom, vai ser muito bom, mas parece ter de aguardar uns tempos sentado no banco. Quando Schmeichel chegou a Portugal, no verão de 1999, os avançados adversários diziam tremer quando se isolavam perante o dinamarquês, por saberem quem estava à sua frente. Adán, claro, nada tem a ver com Schmeichel. Porém, para já, é sólida aposta de Rúben Amorim. E bem.
Se há qualquer coisa de diferente neste Sporting, muito se deve à estratégia dos três defesas que já vinha da época passada. Manteve-se Coates como líder supremo, ressurgiu Neto (depois de entrada frágil na época) como seu lugar-tenente e, ao lado de ambos, entrou Feddal. Nenhum dos três é top mundial. Mas, juntos, formam um trio defensivo que, até ao momento, está a dar muito boa conta do recado. E ainda há Eduardo Quaresma e Gonçalo Inácio.
Se há mesmo qualquer coisa de diferente neste Sporting, ela aparece à frente da defesa: Palhinha. Já não é Palhinha, nem Palha: é Palhão. Os leões precisavam de um médio-centro macho. Como Palhinha. Um médio-centro à moda argentina: varre, limpa, varre, limpa. E passa limpinho. É das grandes mais-valias deste Sporting. A seu lado, o regressado João Mário. Junta-se o azeite e o vinagre. Separados, sabem mal; juntos, são ótimos. Palhinha e João Mário, juntos, são ótimos. E há Matheus e Bragança.
Se é possível visualizarmos mais qualquer coisa de diferente no Sporting, ela centra-se em Porro. Depois das más experiências com Rosier, Bruno Gaspar e até Ristovski, o leão parece ter acertado. O ala espanhol ataca bem, defende bem, bate bem livres e está bem integrado. Do outro lado, Nuno Mendes está na rampa de lançamento para grande carreira. Tal como Porro, ataca bem, defende bem, bate bem livres e está (obviamente) bem integrado.
Se o Sporting está muito diferente, também o deve (e muito) aos homens da frente. Pedro Gonçalves, sim: top, top, top. Depois, há ainda Nuno Santos, Sporar, Tiago Tomás, Jovane, Gonzalo Plata, Bruno Tabata e até Pedro Marques e Luiz Phellype. Versatilidade, velocidade, argúcia, talento, golo.
Se depois de tantos ses, não falássemos no principal se, este texto estaria errado. O principal se que torna este Sporting é diferente, é Rúben Amorim. Ninguém sabe o que o futuro reserva a este leão. Pode ser campeão ou ser quarto e falhar lugar na Liga dos Campeões. Mas, a 14 de dezembro, promete muito. E deve-o, sobretudo, a Rúben Amorim.
Se hoje é 14 de dezembro, significa que o Sporting tem uma boa oportunidade de estar calado. Qualquer sportinguista que se preze sabe o que aconteceu a 14 de dezembro. De 1986, claro: 7-1 ao Benfica. Porém, aconteceu há 34 anos (!) e numa época em que o Sporting nada ganhou. Assim, se o departamento de comunicação dos leões voltar hoje a relembrar que se comemora mais um ano sobre o 7-1, se Manuel Fernandes voltar a ser figura de proa pelos quatro golos marcados em Alvalade ao Benfica, significará que não percebeu nada do que tem de fazer. Relembrar, anos a fio, o 7-1 como se tratasse de uma vitória na final da Liga dos Campeões, só menoriza o clube e o coloca, cada vez mais, atrás de FC Porto e Benfica. Já agora, caro Frederico, deixe de falar nos dois rivais sempre que se sinta prejudicado.