Há coisas que são difíceis de explicar

OPINIÃO23.12.201903:00

APESAR da boa vontade que deve presidir à quadra natalícia que vivemos, é impossível não olhar com preocupação redobrada a fase negra que a arbitragem atravessa, no futebol português. Devo dizer, desde já, que não acredito que os males que se vivem nos dias de hoje tenham raízes semelhantes àqueles que minaram o nosso futebol nos idos dos quinhentinhos e do apito dourado. Ou seja, não é a honorabilidade dos árbitros que está em causa, mas uma flagrante incompetência, que nos flagela, sem que pareça haver solução à vista.

O que aconteceu no golo que deu a vitória ao FC Porto frente ao Santa Clara não encontrou, até agora, explicação, embaraçando a arbitragem e quem nela manda. E, se o árbitro Fábio Veríssimo tinha obrigação de ter feito muito melhor, que dizer do VAR, Luís Ferreira, esse sem desculpa, restando-lhe apenas, por incompetência absoluta, largar as lides do futebol?

Está à vista que os instrumentos tecnológicos colocados à disposição da arbitragem são bons (embora possam ser melhorados, sendo que a ideia do presidente da UEFA sobre uma linha de fora de jogo mais larga, não seja destituída de senso). O problema tem estado na incompetência de quem maneja esses instrumentos, como se a possibilidade de decidir com mais meios tivesse aberto a caixa de Pandora de todas as limitações dos videoárbitros.

José Fontelas Gomes, presidente do Conselho de Arbitragem da FPF, tem à disposição um plantel  de escassa qualidade e, nessa medida, percebem-se as dificuldades por que passa. Mas, em muitas situações, faltou-lhe bom senso nas nomeações. E há casos que são causas perdidas, que já não se resolvem com a terapia da jarra. Quem não vê, pela TV, que Tecatito Corona fez falta sobre Mamadu Candé, não pode ter lugar na arbitragem, só serve para atrapalhar.

UMA trapalhada foi o que fez a Federação de Andebol de Portugal ao nomear, para a Gala da Confederação, o Sporting como equipa do ano, num contexto em que o FC Porto ganhou tudo e mais alguma coisa. É verdade que os leões possuem uma equipa sensacional e ombreiam com os dragões pela hegemonia nacional. Mas, como explicar que se prefira o segundo da hierarquia ao primeiro incontestado, no espaço temporal a que se refere a distinção? Será só vontade de complicar?