Há cinquenta anos: homem na lua

OPINIÃO21.07.201904:00

1Há precisamente cinquenta anos - 21 de Julho de 1969 - , nos meus treze anos, de férias na minha querida cidade natal , Viseu, deitei-me quase no arranque da  manhã seguinte. É uma intensa recordação que não se apaga da minha memória. A preto e branco assisti à chegada do homem à Lua. As imagens , nuas, do solo lunar não se esquecem. Perduram. Estão vivas . A frase, imortal, de Armstong é mil vezes repetida e aquele pequeno passo do homem é um imenso salto na história da humanidade. Naquele momento , que a idade permitiu viver e a memória não apagou, está a concretização de um sonho imenso que os homens - e também as mulheres - não deixaram  de alimentar desde a Antiguidade. E , depois , daquele momento histórico e extraordinário, mar- cante e relevante, atrativo e sugestivo, regressámos á nossa adolescência já que os saudosos Senhores Meus Pais me mandaram deitar. Eles continuaram em frente à televisão, sempre  a preto e branco . E eu, decerto com o aconchego da saudosa e querida Cecília, fui deitar-me e posso dizer, hoje, que assisti, em direto, à chegada da nossa Humanidade à Lua. E poucos meses depois,  o também saudoso Senhor meu Tio, Almirante Roboredo e Silva, com quem almoçava todos os domingos, bem  aprumado na farda do Colégio Militar, mostrava-me , com o orgulho de marinheiro  que o acompanhou até ao seu derradeiro instante, um «pequeno bocado do solo lunar» que lhe tinha sido oferecido pela Marinha dos EUA no momento de uma das suas últimas viagens oficiais como Chefe do Estado Maior da Armada - e criador dos Fuzileiros! - de Portugal. E, assim,  cinquenta  anos depois posso dizer que os vi - aos astronautas - saltar para e no  solo lunar e toquei num pequeno bocado, não exclusivamente areia, da Lua. E , para mim, ficam  estas recordações  que fazem parte da nossa vida. Já que cada um de nós é um ser que não se repete!


2Ontem , na costa do Pacífico, o Benfica iniciou a sua participação  na Internatinal Champions Cup . Já é a mais expressiva competição da pré-temporada e recebe alguns dos grandes emblemas - e marcas - da Europa. Depois dos mexicanos do Chivas o Benfica defrontará a Fiorentina e o Milão. Ou seja , já na costa atlântica, e contando com Carlos Vinícius , o Benfica de Bruno Lage aproveitará  a sagacidade italiana para as primeiras escolhas finais de um plantel que terá um triplo desafio: reconquistar a Liga NOS , chegar o mais longe possível na Liga dos Campeões ( e, se for o caso, bem longe na Liga Europa) e, permitam-me , reconquistar a Taça de Portugal e a Taça da Liga. Parece haver opções para uma rotação sem dramas. Mais:   parece haver condições  para uma saudável competição em diferentes lugares da equipa, qualquer que seja o sistema e o modelo de jogo adotados. Apenas na baliza, e após o rotundo chumbo médico de Perin, haverá necessidade, e urgência, de avaliar se , segundo Bruno Lage, importa acelerar o sentido de desconforto. Também, aqui, as suas palavras - «queremos criar desconforto nos jogadores» - parecem ser sábias e motivadoras.

3Foi aprovada na Assembleia da República uma significativa alteração ao regime jurídico da segurança e combate ao racismo , à xenofobia e à intolerância nos espetáculos desportivos. Em rigor a lei da violência e dos grupos organizados de adeptos, envolvendo as «deslocações de adeptos e agentes desportivos de e para o recinto desportivo ou complexo desportivo e locais de treino». A alteração , que se centraliza institucionalmente na Autoridade para a Prevenção e o Combate à violência no desporto (APCVD) determinará, pouco tempo após a sua publicação  - sim trinta dias! - determinantes consequências , quer ao nível de enquadramento das claques,  dos deveres dos promotores, organizadores e proprietários dos recintos e complexos desportivos e, obviamente, no quadro sancionatório nos múltiplos casos de não cumprimento das vinculações legalmente estabelecidas. Importa dizer que a alteração não ignora situações existentes ou fatos ocorridos e, para estes casos, densifica consequências. Acredito que alguns  irão ler a futura Lei neste  domingo. Outros um dia explicarão o que fizeram para a construir e, outros, o que , por incapacidade, não conseguiram minimizar . E , acreditem, a chegada à Lua foi , de verdade, há cinquenta anos. Mas há gente, hoje, que vive numa alucinação de poder que perturba e que suscita uma alienação que pode gerar e provocar sérias consequências. Ler a Lei.  Ler mesmo.  Um bom TPC. Sim um bom trabalho para casa! Antes que o calor aperte!

4Duas notas finais. Que são dois momentos deste jornal de há cinquenta anos. Desde logo só havia três edições  por semana. No jornal de 24 de Julho - o primeiro depois do momento histórico - ficámos a saber que por causa da Lua os nosso queridos Toni e Humberto Coelho chegaram tarde ao primeiro treino do Benfica. Deixo-lhes as palavras de Toni, um Amigo do coração ,  a este jornal: «Pedimos para nos acordarem a tempo de estarmos presentes à hora do treino. Mas… esqueceram-se . Tínhamo-nos deitado tarde. Às sete horas.   Mas não foi paródia. Quisemos assistir ao maior espetáculo do Mundo, à conquista  da Lua pelo Homem.»! Tal como eu!

5A segunda nota para avançar para a edição de 4 de Agosto e para o sentido de oportunidade da publicidade. Este jornal insere um anúncio da Omega. Ai se diz: «Omega na terra,  agora na Lua , tem a confiança do mundo. Foi um Omega Speedmaster o primeiro relógio usado na Lua»!  E, acreditem, é a marca do meu relógio. Ontem e hoje. Com o era do saudoso Senhor meu Pai . A quem uma vez mais agradeço o dom da partilha de momentos intensos da história. E um deles foi ter permitido uma noite imensa … há precisamente cinquenta anos! E cá estou a escrever este artigo com o meu Omega! Que já tem uns anos. Bons e largos anos!