Gyokeres nos termos de Rúben

OPINIÃO07.08.202306:30

Gyokeres será mais do que os golos que marcar, como Gonçalo Ramos ou Taremi

AS primeiras críticas a Viktor Gyokeres não tardaram. Surgiram antes dos jogos oficiais. Bastou que o sueco ficasse em branco e o Sporting não conseguisse coletivamente finalizar com sucesso as oportunidades criadas e logo apareceram as primeiras acusações de um posicionamento inadequado para um ponta de lança.

Durante a última temporada, ouviu-se muitas vezes dizer que faltava a Amorim um 9 puro, conseguindo muitos ainda assim evitar a grosseira adjetivação de pinheiro, ou seja, alguém que se dedique quase em exclusivo a colocar a bola dentro da baliza. Logo, quando o técnico dos leões reconheceu que afinal precisava mesmo de mais um avançado houve quem encontrasse nas declarações confirmação da própria sabedoria.

Só que Rúben Amorim não cedeu à pressão como julgaram. Quis ter um novo avançado sim, mas nos seus termos, o que se percebeu assim que surgiu com insistência o nome do ex-Coventry. Um avançado para integrar no seu processo e não para criar um novo, isto é, alguém que colocasse a equipa a funcionar à sua volta e não um que esperasse que a equipa funcionasse para si. Aí, os leões acertaram na mouche.

Gyokeres não é um pinheiro, é um bom avançado, capaz de criar espaço para os outros e pisar terrenos além da pequena área. Mais uma vez, é a equipa que tem de capitalizar esses momentos. Não tenho dúvidas de que o nórdico vai marcar e dar a marcar, cabe à equipa consolidar com ele dinâmicas em que ambos beneficiem.

O futebol mudou, já não está tão estratificado. Há décadas que os defesas também atacam e os atacantes defendem. Um avançado não deve apenas marcar golos, da mesma forma que um guarda-redes não está lá só para defendê-los. Gyokeres será sempre mais do que os golos que marcar, tal como o são Gonçalo Ramos ou Mehdi Taremi.