Grão a grão, enche a galinha o papo...

OPINIÃO19.07.202107:00

Há, no nosso futebol, um universo paralelo de circulação de dinheiro, a que a justiça já apanhou a meada. Aguardemos pelo resto...

Oprocesso Cartão Vermelho, de forma mais direta, e o processo Fora de Jogo, que marcará, cada vez com maior intensidade, a agenda jurídico desportiva até ao final de 2021, evidenciaram uma realidade de que se falava à boca pequena, mas que, por falta de provas concretas, nunca foi devidamente esmiuçada. Estou a falar do universo paralelo dos agentes que nunca são visita das primeiras páginas dos jornais e das aberturas dos telejornais, donos de inúmeras empresas, que ao mesmo tempo mantêm relações de grande proximidade com dirigentes de clubes ou seus familiares, e que se encarregam, sobretudo, daquelas transferências em que quase ninguém repara, de jogadores que são promessas (ou nem isso), mas que, no fim do ano, fazem movimentar muitos milhões de euros em comissões. Quanto valem os direitos desportivos de um jogador de futebol? Quando se fala dos mais consagrados, o mercado já estabeleceu um padrão, mesmo assim suscetível de deixar uma grande margem de aleatoriedade: um jogador tanto pode valer, imagine-se, 60 milhões ou 65 milhões, depende dos dias, mas a diferença, muitas vezes considerada despicienda, são cinco milhões de euros, uma fortuna. Já no que respeita ao chamado jovem promissor, que entra sem alarido nos juniores, nos B ou nos sub-23, ninguém questiona se tiver custado apenas dois ou três milhões, um «investimento no futuro», segundo quem faz o negócio. Só que, grão a grão, enche a galinha ao papo, e é assim que chegamos a níveis de faturação, nessas inúmeras empresas dos agentes que são próximos dos dirigentes, verdadeiramente astronómicos. Quem paga? Os clubes. E os sócios, com o barulho das luzes, nem se apercebem do que está a acontecer.
Nos próximos tempos, a propósito do processo Cartão Vermelho e do que mais virá a seguir, noutras latitudes, esta realidade tornar-se-á tão evidente que haverá que tomar medidas, aumentando exponencialmente os meios de controlo e transparência. O mundo do futebol, por onde circula demasiado dinheiro fácil, tem sido alvo de especuladores que mais não pretendem do que servirem-se dele como lavandarias ou placas giratórias de tráfico de jogadores. O futebol, por uma questão de sobrevivência, precisa de criar mecanismos que o defendam.


AMADO DA SILVA  

Tem razões para sorrir, o presidente da Federação de Râguebi. Os Lobos venceram a Rússia em Novgorod (26-49, resultado histórico para o XV de Portugal) e podem sonhar com o apuramento direto para o Mundial de França, em 2023. Regressar, 16 anos depois, ao Hexágono para novo Campeonato do Mundo seria ótimo.
 

LUÍS FILIPE VIEIRA

Dezoito anos depois, saiu pela porta pequena. Deixou obra importante no Benfica, mas a forma como a História irá descrevê-lo depende do que decorrer do processo que o mantém sob severas medidas de coação. Antevê-se que, mais dia menos dia, o Benfica e Vieira vão estar em barricadas opostas.
 

EDUARDO CABRITA  

O ministro da Administração Interna tornou-se no maior especialista do Governo em tiros no pé. A propósito da festa do título do Sporting, em vez de apontar à Câmara Municipal de Lisboa, principal responsável pela anarquia e danos epidemiológicos, decidiu meter-se com os leões e levou para contar…