Formar é ganhar
1 - Tem sido bonita a festa da Taça. De Coimbra a Vila Real, de Espinho a Alverca, da Cova da Piedade a Amora, e não esquecendo, bem a norte, Valença. Já houve festa, grandes assistências, muito fervor, suficiente vibração. E muita, muita mesmo, confraternização. Neste domingo disputam-se, em diferentes palcos e lugares do nosso Portugal, vinte e cinco jogos da terceira eliminatória da Taça de Portugal. Já se realizaram sete partidas e três delas foram objeto de transmissão televisiva. Duas em canal aberto, na RTP, e a outra, a que levou a Vila Real o Futebol Clube do Porto, na Sport TV. As três principais marcas do futebol e do desporto português - clubes assumidamente ecléticos - foram objeto, naturalmente, de transmissão televisiva. Com interessantes audiências, diga-se desde já, com o Sertanense - Benfica a ser o programa mais visto do dia na passada quinta feira. Ultrapassando, largo, as telenovelas e os diferentes espaços de informação. E tendo todos presente que os três grandes regressam, nesta semana que se inicia, às competições europeias e tendo encontros bem determinantes - que não decisivos - para o seu futuro próximo, seja na atrativa Liga dos Campeões seja na sugestiva Liga Europa. E tendo os amantes do futebol a possibilidade de verem, em canal aberto, dois dos jogos desta próxima jornada. E, assim, os três canais ditos generalistas fazem o pleno. A RTP com dois jogos da nossa Taça. A TVI com um jogo e resumos da Liga dos Campeões. A SIC com o interessante jogo do Sporting para a Liga Europa. E, neste tempo, de quente luta de audiências e de indiscutíveis angústias de tesouraria, o futebol é, por vezes, um instante de conquista. Também nas televisões, em cada manhã, ou há um grito de vitória ou há um silêncio de desilusão. Nas manhãs do dia seguinte em cada Direção de informação e de programas de cada televisão ou se canta vitória ou se cala a derrota, buscando, aqui, as necessárias justificações. Tendo nós a consciência - só nossa, diga-se - que o futebol, e as suas transmissões, ajuda a liderar todas as audiências neste tempo de múltiplos canais e de diferentes ofertas para além da comum televisão. E resta desta eliminatória apenas mais um jogo - depois do jogo de ontem do Sporting em Alverca frente ao Loures - a ser objeto de transmissão televisiva: o Felgueiras frente ao Sporting de Braga. Um encontro de quase vizinhos e que mostra que o clube liderado por António Salvador é já um dos grandes do nosso futebol. E, assim, se constroem audiências e sem que nenhuma estrutura do futebol se alie aos pagadores do futebol na busca de uma solução para eles verem a Liga dos Campeões… Não sei se não deveria haver, nesta matéria, um suplemento, um eleven de diálogo, e, desta forma, uma busca de séria aproximação.
2 - Hoje haverá festa rija em muitas localidades do nosso Portugal. Em Vildemoinhos, ali ao lado de Viseu, será recebido, com a fidalguia habitual, o Nacional. Em Faro jogará o Arouca. Em Sacavém o Aves. A Fafe desloca-se o Penafiel. A Montalegre o Oriental. O Tondela vai ao Estoril e a Mirandela o Feirense. E a Torres Vedras o Feirense. E Moura o Marítimo. E teremos, até, a singularidade do Chaves jogar em dois campos. A equipa principal encherá, numa deslocação de minutos, Pedras Salgadas. E a sua equipa satélite, também Chaves, percorrendo porventura toda a Estrada Nacional 2, jogará em Silves, mostrando, assim, que a Taça de Portugal é, quase, uma espécie de serviço militar obrigatório. É uma forma, saudável e motivante, de descobrir novos lugares, gente realmente diferente e, no final, a vontade de regressar àquela descoberta. Hoje, no final da tarde, haverá, decerto, surpresas. Haverá, acredito, tomba gigantes. E, depois, o acrescido sonho, de em próximo sorteio escutarem o nome de um dos grandes nomes do futebol português. A alegria será imensa. Muito intensa. E se como ocorreu nesta eliminatória com os grandes houver a solidariedade efetiva, ou seja, a renúncia da sua quota parte da receita para o clube visitado, então a Taça, esta Taça neste tempo, terá valido a pena. É que, hoje em dia, os tesoureiros dos pequenos/médios clubes são obrigados a fazer constantes milagres. Sabendo bem que a banca, privada, a dita social ou pública, se afasta do futebol e conhecendo bem as desconfianças crescentes que o futebol suscita em determinados setores da nossa sociedade. E só quem não tem plena consciência destas dificuldades é que pode opinar acerca da pureza da competição ou do cumprimento literal do sorteio. Sabendo nós que a memória é um bem precioso, diria que é essencial. Até para não deixarmos, como nos legou Michel de Montaigne «o entendimento e a consciência vazios»!
3 - Em Coimbra, na passada quinta feira, a Academia do Seixal teve mais uma vitória. Com o dedo e a assumida e motivadora consciência de Rui Vitória. Diria, assim, uma dupla vitória! Quando João Filipe entrou no Estádio Cidade de Coimbra - precisamente doze anos após o seu primeiro treino no Benfica! - a Academia, que é legítimo orgulho do Presidente do Benfica, decerto que sorriu. Uma vez mais. Depois de, nesta época, termos visto debutar Gedson, Alfa Semedo e João Félix (no caso de Yuri Ribeiro, já tinha dois jogos pela equipa principal na época 2016/17), esta estreia de Jota - para alegria de toda a sua motivadora e simpática Família - é mais um marco e uma marca na qualidade da Academia, do indiscutível êxito da sua Direção e do indiscutível talento de todos aqueles que, nos últimos anos, saltaram do Seixal para a Luz ou para diferentes grandes estádios da Europa do futebol. E que são nomes que nunca esquecemos e que, felizmente, nos proporcionam imensas e largas alegrias. E nestes verdadeiros tesouros, e nesta estratégia de prudente retenção, está o futuro próximo do Benfica. E logo a convicção, serena mas fundada, de um Benfica europeu. Sabendo nós que o sonho não é uma coisa sem perigo. Mas não ignorando que, por vezes, a vida determina que as necessidades abalem certos sonhos. E para estas objetivas - e bem notórias - necessidades teremos de estar preparados. É sempre o prazer e a dor a contagiarem, desde que justificados e bem explicados, o nosso sentir e o nosso devir. Já que formar é ganhar! É mesmo!
4 - Três notas finais. Os sub-21, sob a lúcida liderança de Rui Jorge, estão a um pequeno, mas polaco, passo do Europeu. Esta geração de talentos merece estar num Europeu que pode conquistar! A segunda para saudar o regresso à Seleção Nacional e aos golos de Éder. Foi frente à Escócia e desta vez de cabeça. Mas não nunca esqueço a loucura existencial que me (nos) proporcionou em Paris. E estando eu naquele Estádio que foi do nosso comum contentamento! Por último saudar o reconhecimento do Benfica à dedicação, ao empenho, à qualidade e também à vontade de Pizzi. A renovação não é, apenas, um prémio. É, permitam-me, um agradecimento a um dos grandes nomes do atual futebol português e peça fundamental deste Benfica. Como se prova em cada jogo, em cada final. Como ocorrerá, decerto, na próxima terça feira frente ao Ajax em Amesterdão!