Formação e deformação
Acompanho de perto a formação e posso testemunhar tudo o que se tem relatado com demasiada frequência: distúrbios e comportamentos vergonhosos nas bancadas, com adversários, árbitros e, em inúmeras ocasiões, a equipa apoiada e até os próprios filhos como alvos. São urgentes políticas para a sua erradicação. Alguns clubes criaram regras rígidas para os pais e o caminho passará inevitavelmente por aí.
O ambiente constrange os jovens jogadores e muitos, por não conseguirem criar anticorpos e imunidade, desistem ou não confirmam potencial. Claro que não nasce do vácuo. Pode ter origem em atletas, treinadores ou árbitros. É por isso que quando se escolhe alguém para um papel de orientação, também deve ter-se em consideração as valências pedagógicas. Não se trata apenas de saber tudo sobre o treino, o jogo ou as regras, mas ainda como extrair os melhores comportamentos de quem se orienta.
Olhando para o papel de orientador, é importante que os técnicos aprendam de vez que são os jogadores que decidem e não eles, e que há sempre várias decisões possíveis. Umas melhores, outras piores. Torná-los extensões suas poderá até garantir vitórias a curto prazo, mas terá consequências no futuro.
Queixamo-nos ainda de que perdemos o futebol de rua, mas, em vez de vermos reminiscências a ser trabalhadas para usá-las no momento certo, permitem-se excessos de egoísmo também em nome do que garante ao resultadismo. Por outro lado, será que os que nascem altruístas são mesmo valorizados?
Por fim, a falta de noção. Treinadores a resolver tudo à gritaria, esquecendo-se do impacto que o vernáculo excessivo e irracional tem em diferentes mentes, não aceitando explicações ou contraditório. A formação evolui, mas ainda a várias velocidades. Nas bancadas sim, mas também em muitos bancos.