Europa cada vez mais isolada

Opinião Europa cada vez mais isolada

OPINIÃO05.10.201910:10

Alemanha apoia progresso do automóvel; EUA nem por isso… Perde o Mundo!

Na Cimeira do Clima das Nações Unidas, iniciativa promovida pelo secretário-geral da organização sedeada em Nova Iorque, António Guterres, dezenas de países assumiram o compromisso de acelerar o combate às alterações climáticas. O tempo é de ação, não de promessas, mas a Europa apresenta-se cada mais isolada no caminho para a neutralidade carbónica em 2050. Brasil, EUA e Japão faltaram a chamada com o objetivo de recolocar na agenda política todas as obrigações assumidas no Acordo de Paris-2015. Entre as recomendações mais importantes, ponto final nos subsídios aos combustíveis fósseis. Para resposta imediata à situação de emergência que vivemos, conhecimento e tecnologia como ferramentas!


Contrassensos: na Europa, ação, com a Alemanha como locomotiva do comboio; nos EUA, pior do que prenúncio de inação, marcha-atrás no progresso, com a administração de Donald Trump, republicana, a revogar os poderes da Califórnia, democrata, para imposição de limites próprios de emissões poluentes, atualmente mais restritivos do que no resto do país! Argumento: produção de automóveis mais baratos para os consumidores…


Em Nova Iorque, Angela Merkel, a chanceler alemã, reafirmou o compromisso de Berlim de reduzir as emissões de dióxido de carbono no país em 55% até 2030, na comparação com os números de 1990. Poucos dias antes, durante uma visita ao salão de Frankfurt, a governante comprometera-se com apoios federais de 60 mil milhões de euros à indústria automóvel, o motor da maior economia europeia, com o objetivo de acelerar a mudança de paradigma, dos motores térmicos para os elétricos. Só o Grupo VW tem plano para a introdução de 70 carros alimentados por baterias até 2028, em todo o Mundo, o que representará cerca de 22 milhões de viaturas, de acordo com o diretor do consórcio, Herbert Diess.


De permeio, em Washington, Donald Trump assinava legislação que atribuía à Agência de Proteção Ambiental (EPA) o direito de impor os limites de emissões poluentes na Califórnia, estado na vanguarda do combate climático no lado de lá do Atlântico – prova-o acordo novo assinado em julho com BMW, Ford, Honda e VW. A batalha jurídica (e política!) decidir-se-á no Supremo Tribunal dos EUA. A Casa Branca argumenta que a decisão aumenta a produção de automóveis modernos, seguros e baratos para a substituição de um parque envelhecido e muito poluente. Mas, legitimamente, desconfiamos da bondade! Nesta área, norte-americanos muito atrás dos europeus, que possuem indústria mais desenvolvida e progressista. Também por isso pagamos mais (mais e mais…!) pelos carros novos que compramos.