És muito bom! Afinal, nem por isso

OPINIÃO18.07.201904:00

Assaz curioso, natural, embora nem sempre compreensível: os futebolistas (vasto lote) que se vincam como muito bons com um treinador e, de súbito, desse pedestal tombam à chegada de novo líder técnico. Sendo o inverso igualmente verdadeiro. Por alterações táticas, sim; mas não só. Acontece por esse planeta fora. Por cá, num sentido e noutro, temos recentes e flagrantes exemplos.


No FC Porto, Sérgio Conceição tirou Ricardo Pereira, Sérgio Oliveira (parcialmente) e, sobretudo, Aboubakar e Marega do ostracismo com anteriores técnicos, ao ponto de Sérgio tê-los recuperado de empréstimos... O oposto para Layún e Óliver (este fora enorme aposta de Lopetegui, custando €20 milhões; e Lopetegui acaba de vir buscá-lo, para o Sevilha, por €12 milhões).


No Sporting, Nani, campeão europeu, recém-regressado e indiscutível titular no pouco tempo com Peseiro, logo partiu, mal chegaram Varandas e Keizer. Tal como Bruno César, muito querido por Jorge Jesus (em ambos os casos, os 30 de idade terão pesado…). Wendel, que não pegou com JJ (creio que seria questão de tempo), num ápice se tornou titular sob égide de Keizer. E Jovane, fulgurante lançamento pela mão de Peseiro, com Keizer se eclipsou. Treinadores e… circunstâncias (inclusive, as dos jogadores).


No Benfica, os mais flagrantíssimos contrastes. Bruno Lage fez fabulosa projeção de João Félix (iniciada, passo a passo, por Rui Vitória, então num flanco, em diferente sistema tático - expectativa pela sua posição/função no onze de Simeone…); e Lage também conseguiu espetacular renascimento de Samaris, que, vá lá perceber-se porquê!, tão claramente deixara de contar para Rui Vitória. Gabriel, muito importante com Bruno Lage, até se lesionar, deve ser outro exemplo? Categórico não. Já escrevi e relembro: foi Vitória quem muitíssimo insistiu na contratação de Gabriel - concretizada só à última hora, no final de agosto - e logo o pôs em campo, percebendo-se ser forte o potencial deste médio; porém, não tendo feito pré-época, nível físico e adaptação retardaram, houve compasso de espera - creio que estaria pertinho do regresso.


No outro polo: talentoso menino Gedson, lançado por Vitória e praticamente sempre titular, baixou a suplente com Lage; Zivkovic, que fora muito importante (não como extremo; que surpresa a sua adaptação, por Rui Vitória, à esquerda do trio de meio-campo!), fragorosamente caiu com Bruno Lage, creio que por descrença do treinador em que tanto talento alguma vez possa ter consistência competitiva (acontece a muitos: prometem imenso, entusiasmam adeptos, e, por culpa própria, vão esbanjando potencial de grande carreira…). Mais: Krovinovic, forte esperança na qual Rui Vitória tanto acreditou, nos intervalos entre prolongadas lesões, depois, clinicamente curado, nenhuma hipótese teve com Bruno Lage e… já partiu (que me lembre, só um jogo fez na nova era, num núcleo de suplentes chamados à Liga Europa).

TAMBÉM há os ditos craques (para adeptos) que treinadores, uns após outros, decerto por serem ignorantes!, vão pondo de lado… Meros exemplos: no FC Porto, Quintero e Kelvin (este fica na história, pelo inesperadíssimo pontapé que deu título!; mas nada, antes e depois); no Sporting, Iuri Medeiros, Matheus Pereira (será desta, com Keizer, derradeira oportunidade?); no Benfica, muito provavelmente Zivkovic (recordo opinião expressa por adeptos com responsabilidade de comentadores: o onze deveria ser ele e mais 10…) - e friso: Jorge Jesus - manchado pelo esquecimento dos meninos Bernardo Silva e João Cancelo, mas tendo forte atenuante: em cerradíssima luta pelo título, não poderia arriscar retirando Maxi Pereira (Cancelo) e, quiçá, Pizzi (Bernardo) - salvou a carreira de Coentrão, ao convencê-lo, avançado entusiástico e elogiado, mas sempre pensei que com fraco futuro, a mudar-se para defesa-esquerdo; tal como, noutro exemplo, fez de Dí Maria jogador de alta competição, não bailarino que, nalguns momentos, deliciava bancadas…

Herrera: exemplo n.º 1 dos que somam anos sendo destratados por adeptos, mas sempre pilares para sucessivos treinadores, os tais ignorantes e casmurros! Herrera, indiscutível com Lopetegui, Nuno Espírito Santo, Sérgio Conceição, agora querido por Simeone. Nada improvável o FC Porto ressentir-se da perda deste médio tremendamente todo-o-terreno que saiu como capitão…