Era uma vez uma história de piratas...
A pirataria informática é um dos problemas a que a sociedade tecnológica do século XXI está a tentar dar resposta. Todo o comércio feito através de plataformas digitais, todas as transações bancárias online, toda a tramitação judicial do Citius e quejandos, toda a vida fiscal dos cidadãos, deve ser protegida dos hackers, sob pena do sistema em que assenta a sociedade dos dias de hoje acabar por crashar. A estas operações, fundamentais no dia a dia, junta-se também a comunicação privada, entre empresas ou cidadãos, que merecem a garantia da inviolabilidade. É assim que tem de ser, deve haver segurança no correio eletrónico, não é aceitável que a sociedade não se proteja agora, como o fez ao longo dos tempos, contra a pirataria e os piratas.
Não é, pois, entendível, que em nome de uma rivalidade (a espaços doentia e retrógrada) entre clubes que têm na prática do futebol a expressão mais elevada, se queira remeter a magna questão da pirataria informática para a órbita de um Benfica-FC Porto, quando o que está em causa é muito mais vasto, como ficou à vista, aliás, no assalto aos servidores de uma das mais importantes empresas de advogados de Portugal, ação que lançou verdadeiro (e justificado) pânico em hostes de todos os quadrantes da sociedade.
Com o disparate em roda livre, como acontece quando assuntos sérios são tratados com uma mera lógica clubista, há que clarificar duas circunstâncias:
A) O crime informático é grave, e os autores, mandantes e usufrutuários devem ser severamente punidos. Só assim a sociedade poderá proteger-se e evoluir;
B) No caso específico dos emails do Benfica, os meios de prova obtidos legalmente pela PJ devem seguir o seu caminho para apuramento da verdade.
Dito isto, é fácil ver que estamos perante duas realidades que correm em pistas paralelas, sem contaminação. O resto, competirá à justiça, que como escrevi na última semana, normalmente tarda, mas não falha.
A detenção do hacker que assaltou o Benfica provocou evidente nervosismo em vários quadrantes (onde, à imagem dos defesas quando estão na área e a bola lhe bate na mão, levantaram logo os braços, sem que ninguém lhes tenha perguntado nada, a dizer que não houve penálti...). Este é o tempo de guardar algumas declarações. Para memória futura...