Em cheio, à 6.ª-feira!

OPINIÃO16.01.202003:00

NOUTRA mirabolante cena de retorcido/obtuso calendário, dia em cheio… numa 6.ª-feira! Nada menos do que Sporting-Benfica e FC Porto-SC Braga - nos últimos anos, claramente os 4 mais fortes do nosso campeonato (bracarenses estão agora um degrau abaixo, por grande mérito do intrometidíssimo Famalicão; vai daí, mau grado estupenda carreira europeia, lá partiu Sá Pinto, mais um treinador insuficiente no conceito presidencial, dando vez a surpreendente aposta no estreante Rúben Amorim).


SPORTING. Alvalade terá estranhíssimo arranque do dérbi: abismo de 16 pontos entre eles! Óbvias razões de tal acontecer. Porém, há tão-só duas semanas, ali um Sporting vitaminado esteve perto de travar - até derrotar - o FC Porto… E, a par disso - para não frisar que acima de tudo… - surge o outro lado lunar…: o modestíssimo objetivo para este campeonato então anunciado por Silas (ultrapassagem ao Famalicão… - ou como foi tão realista quanto ingénuo na forma de se expressar…) vale zero ao pé da importância de vencer… o Benfica. Magna questão de pergaminhos em secular rivalidade (hoje muito mais sentida por sportinguistas do que por benfiquistas, face a tantos anos que estes levam a discutir grande maioria de títulos com… FC Porto).
Neste dérbi, esqueçam lá isso do abismo de 16 pontos; teremos Sporting hipermetido em brios e Benfica, líder com FC Porto à perna, muito necessitado de vencer.
Prognóstico? Dá para sorrir…


Prevejo, sim, 2 graves baixas sportinguistas. A de Vietto, inevitável, ao que se tem dito, por lesão. Decerto também a de Coates, pois não acredito que pegue o recurso contra o 5.º cartão amarelo (nada a ver com a recente, e justíssima, despenalização de Bolasie - árbitro assumiu flagrante erro; agora, erro, se houve, flagrante não foi).


Silas sem pilar no centro da defesa; e sem o avançado mais dinamicamente criativo. Muito duro, num plantel com alternativas que convincentes não têm sido.
Bruno Fernandes: pela última vez, o mais poderoso trunfo. Passava pela cabeça de alguém que o seu adeus tivesse sido na mesquinhez de circunstâncias em que o Sporting foi a Setúbal?! Claro que estará no dérbi. Ainda mais ímpeto querendo transmitir ao seu enorme talento, no dia da despedida. Esta tinha mesmo de acontecer. Quanto a mim, repito-me, não ter sido na pré-época foi mau para Bruno Fernandes e nada bom para o Sporting… tão necessitado de dinheiro para construir mais equilibrado plantel.


Quanto ao onze que Silas vai escolher (Ilori rendendo Coates), avanço duas dúvidas: Acuña salta da defesa para, na ausência de Vietto, mais vincadamente ser força atacante?; ou meio-campo reforçado, Doumbia-Battaglia-Wendel, explosão pela ala esquerda entregue a Bruno Fernandes?  

BENFICA. Ferro recupera de lesão? (por causa dela o mau rendimento face ao Rio Ave?). Se não recuperar, lá terá Weigl, médio recém-chegado, de ser defesa-central… (outra hipótese: adaptação de Samaris…). À direita, capitão André Almeida, mesmo só um jogo tendo feito após longa baixa clínica?; miúdo Tomás Tavares aproveitou para pedir meças, exibindo consistência de alta qualidade, aos 18 aninhos.  


No meio-campo, aquisição de Weigl sugere incremento de qualidade. Se Bruno Lage mantiver apenas dois médios centrais (se…), cerrada disputa entre Gabriel, Taarabt e Weigl (Samaris à espreita…; o talentoso menino Florentino, que Lage lançou, tanto dele gostando, atravessa eclipse, quiçá natural aos 20 aninhos…).
Não creio que Rafa, vindo de grave lesão, possa já ser titular; nem na esquerda (nesta altura, seria tremenda injustiça para o galvanizadíssimo Cervi), nem em vez de Chiquinho, a quem ainda falta golo…; mas muito importante tem sido na movimentação ofensiva - mais fortes ajudas à linha média.
Vinícius, ou Seferovic embalado pelos decisivos 2 golos? Surpresa seria… ambos. O que, de início, implicaria risco de súbita mudança estrutural no modelo de jogo…

POIS é… No todo, o potencial de qualidade para alternativas de que Bruno Lage dispõe é bem superior ao de Jorge Silas. O mesmo, garantidamente, é verdade para Sérgio Conceição; por isso, em Alvalade, chegado o tempo de treinadores chamarem suplentes, o FC Porto acabou por se impor. Outra verdade: o primeiro, e melhor, onze do Sporting foi capaz de 20 minutos pertinho de vencer… E, fundamental!, dérbi é dérbi.