Eletrificação diminui emprego

Opinião Eletrificação diminui emprego

OPINIÃO21.12.201909:05

Certeza: nos próximos três anos, mais de 80.000 despedimentos na indústria automóvel

O automóvel, na generalidade dos programas de combate às alterações climáticas, tem o estatuto de inimigo público número um. O parque circulante nos quatro cantos do Planeta é responsável por 15% das emissões de dióxido de carbono (CO2)... Existem indústrias muito mais poluidoras. Mesmo assim, exige-se aos fabricantes mudança rápida no paradigma dominante na indústria há mais de 100 anos, ou transição dos motores térmicos a gasolina e gasóleo para as fórmulas modernas de eletrificação. O progresso aplaude-se, mas todas as ruturas têm consequências. No caso e no imediato, as negativas sobrepõem-se às positivas, vide impactos económicos e sociais do processo de transformação em marcha.


A fonte dos números é a agência de notícias financeiras Bloomberg, de Nova Iorque (EUA). A corrida à eletrificação pressupõe investimentos milionários por parte dos fabricantes, que também são confrontados com a obrigação de adaptação do número de funcionários às exigências da transição para tecnologia nova que tem a particularidade de reduzir a complexidade na produção de automóveis. E, assim, na maioria dos construtores, trabalhadores a mais! Apenas na União Europeia, direta ou indiretamente, o setor representa 6,1% do emprego na região. No olho do furação, 13,8 milhões de postos de trabalho…


Mais rápida do que lentamente, antecipa-se, progresso tecnológico na origem de (muitos) milhares de despedimentos, com os analistas da Bloomberg a falarem em 80.000 empregos eliminados nos próximos três anos. O número baseia-se nos anúncios de oito consórcios industriais (Ford, General Motors, Jaguar Land Rover, Nissan, Tesla e Grupo Volkswagen), que indicaram tanto os números de postos de trabalho que pretendem extinguir como as localizações das infraestruturas que são abrangidas pelos planos de reestruturação. A Europa é a região mais penalizada, mas também existem notícias de baixas na América do Norte e na Ásia.


Recentemente, mais anúncios de despedimentos, com Audi e Daimler a somarem-se à lista – combinadas, as duas empresas preparam a eliminação de 20.000 postos de trabalho, maioritariamente na Alemanha, motor da economia do Velho Continente... A agência norte-americana também alerta para perdas na rentabilidade dos fabricantes, devido a combinação (negativa) de fatores que aumenta as despesas e diminui as receitas. Por exemplo, como os automóveis elétricos necessitam de menos operações de manutenção do que os carros a gasolina e gasóleo, risco de seca de fonte de lucro(s)!