Duas vitórias e Jesus já respira melhor

OPINIÃO13.12.202106:00

Será que já chegou o tempo certo para Jorge Jesus pensar seriamente em Paulo Bernardo para o onze principal, ao lado de Weigl e João Mário?

DOMINGOS SOARES DE OLIVEIRA abordou, na entrevista que deu à BTV, a situação de Jorge Jesus de forma inteligente, blindando o técnico encarnado com argumentos de ordem prática, invocando os objetivos entretanto alcançados, nomeadamente os que se prendem com a vertente financeira, onde os 54,3 milhões entretanto arrecadados na presente campanha da Champions surgem em local de honra. Ou seja, a uma contestação ao treinador feita essencialmente por razões de desamor, o CEO da SAD benfiquista contrapõe razões da razão, procurando criar melhor ambiente, essencialmente para o que espera os encarnados na dupla jornada com o FC Porto, que se avizinha. Mas, do que Soares Oliveira disse, ficou subjacente, creio, que as razões da razão se apoiam em objetivos, e nessa equação irão entrar os próximos duelos com os dragões.

Depois da debacle frente ao Sporting, na Luz, o Benfica respondeu com duas vitórias, a primeira a garantir os milhões da UEFA e a segunda a manter distâncias para o duo que lidera a Liga. Em qualquer desses dois triunfos viu-se um Benfica com entrada forte, mas incapaz de impor autoridade e controlar as partidas. Nesse aspeto, o jogo de ontem em Famalicão foi particularmente interessante, porque viu-se um Benfica descontrolado e a passar por um mau bocado, depois de ter chegado a uma vantagem de dois golos, o que obrigou Jorge Jesus a mexer profundamente na equipa, passando a jogar em 3x5x2 e a ganhar, dessa forma, maior densidade a meio-campo.

Fosse Taarabt outro jogador, e não este, que é capaz de fazer duas ou três coisas dignas de Zidane e a seguir transformar-se num brinca-na-areia errático, sem qualquer consciência tática, e a consequência das alterações de Jesus teria sido muito mais penalizadora para o Famalicão. Mas fica a pista para futuras observações, e a curiosidade adicional quanto a Paulo Bernardo: será que, numa lógica de 3x5x2, o jovem das escolas do Seixal pode coabitar, no onze principal, com Weigl e João Mário? É que Paulo Bernardo tem, de facto, alguma coisa a mais, e já parece em condições de dar um contributo à equipa superior àquilo que até agora lhe foi solicitado.

PS — Darwin e Rafa podem construir uma dupla atacante de grande mobilidade e eficácia. Foi essa a promessa de Famalicão...
 

ÁS — DARWIN NÚÑEZ

Em Famalicão houve um vislumbre daquilo que pode vir a ser. Usou a extraordinária disponibilidade físico-atlética que é o seu principal cartão de visita e, ao mesmo tempo, foi letal na área contrária, mostrando-se à vontade a pisar terrenos mais interiores e a combinar com Rafa. O hat trick que assinou ficou-lhe muito bem.
 

ÁS — LUIS DÍAZ

O avançado do FC Porto é, muito provavelmente,  o jogador mais valioso a atuar em Portugal, já que alia à característica de meter a técnica na velocidade, transformando-se assim num abre-latas de luxo, uma impressionante frieza na cara do golo, que o põe na pele do principal inimigo dos guarda-redes contrários.
 

DUQUE — DIEGO SIMEONE

O grande projeto do Atlético de Madrid com a chancela de Diego Simeone pertence ao passado. Os colchoneros praticam um futebol não só pouco atraente, como ainda pouco eficiente, e a única coisa boa que levam desta época é a passagem, muito lisonjeira, aos oitavos da Champions. Simeone, dez anos é tempo de mais...